Sebrae realiza evento e prepara fundo para startups

20 de setembro de 2016
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Há quatro anos, o Sebrae lançou uma pesquisa dentro da Campus Party para descobrir qual era a sua imagem entre jovens empreendedores. O resultado apontou que a instituição era vista basicamente como offline e sem conexão com os novos formatos de negócio digital. Essa visão persiste ainda hoje, apesar de algumas parcerias formadas com empresas como Google, Facebook e Microsoft.

É esse desafio que o Sebrae vai enfrentar nesta quinta-feira, ao realizar seu primeiro evento nacional voltado para o setor, que acontecerá simultaneamente em 47 cidades, de São Paulo a Palmas (TO). O objetivo oficial do evento é aproximar empreendedores de redes locais de investidores e aceleradoras. Na realidade, porém, a expectativa do Sebrae é desenhar um mapa sobre o empreendedorismo digital no Brasil e levantar um banco de dados com as características desses negócios e empresários.

A meta, para o médio e longo prazos, é traçar ações específicas com base nessas informações. A primeira delas será a estruturação de um fundo de investimento gerido pelo próprio Sebrae para startup e de tecnologia. Esse fundo, que está em fase final de planejamento, deverá atender a negócios que necessitam de recursos seja tanto para o lançamento quanto para o desenvolvimento de projetos. A meta do Sebrae é finalizar a proposta ainda neste segundo semestre, para começar a distribuir os recursos a partir do início de 2017.

Ainda não foram definidos os valores que irão compor o novo fundo. O que se sabe é que ele vai operar unicamente com recursos da instituição – esse dinheiro, de alguma forma, já é destinado aos programas de inovação da entidade. O principal deles, o Sebraetec, teve um orçamento de R$ 191,7 milhões neste ano. Além de gerir o Sebraetec, a instituição participa como cotista em fundos de capital de risco, como o SP Ventures, de Fernando Jardim.

A entidade também participa Fundo de Inovação Paulista, do banco de fomento Desenvolve SP, do governo do Estado, com uma cota de R$ 10 milhões, o equivalente a 9,5% do patrimônio total de R$ 105 milhões. Entre diretores do Sebrae, o consenso é de que, para se aproximar de fato do setor, a entidade precisa ser protagonista nas discussões. “Eventos como o Startup Day são muito importantes. Eles mostram que o Sebrae tem condições de contribuir com a formação das startups brasileiras”, afirma o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

“A gente percebe que esse empreendedor é muito orientado a investimentos. E vamos aportar diretamente recursos nas startups.” Afif admite, porém, o diálogo entre o Sebraee as startups não estão totalmente abertos. “Eles (os empreendedores) acham que somos um monte de velhinhos falando das mesmas coisas de sempre. Mas, com o tempo, eles vão entender que somos mais do que isso.”

Diálogo. Além da realização do evento e da formação do fundo de investimento em startups, é importante que o Sebrae esteja reconhecendo a necessidade de se adaptar às demandas das empresas de tecnologia, afirma Cássio Spina, presidente da Anjos do Brasil, especializada em apoiar negócios nascentes. “Dinheiro é importante e esse evento nacional é fundamental.

Mas o Sebrae precisa se preparar e formar quadros para conseguir auxiliar esse mercado”, diz Spina, que investe em 11 startups e atua no segmento há seis anos. Para Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo da Fiap, o mercado hoje é carente de uma instituição de peso para apoiar as startups.

“O Sebrae é capilarizado e pode contribuir divulgando e ensinando o que é uma startup para cidades distantes do interior.” A lista completa dos 47 endereços onde o Sebrae vai realizar o StartupDay está no site da entidade.

Posições
“Dinheiro é importante e esse evento nacional é fundamental. Mas o Sebrae precisa se preparar e formar novos quadros para auxiliar as startups.”  Cássio Spina PRESIDENTE DA ANJOS DO BRASIL

“Eles acham que somos um monte de velhinhos falando as mesmas coisas.”  Guilherme Afif Domingos PRESIDENTE DO SEBRAE

Fonte: Estadão PME

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