Afif: “Dá para viabilizar a reforma política”

Janeiro/Fevereiro de 2011
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Há razões para otimismo no mercado imobiliário, mas é preciso cautela. O setor deve registrar, em 2011, expansão superior à de 2010, mas há também desafios. Essa é a conclusão a que chegaram os palestrantes de recente mesa-redonda promovida em São Paulo pela Fiabci /Brasil, em parceria  com seu principal member SECOVI-SP. Responsável pelo Programa estadual Via Rápida Emprego, de qualificação profissional, importante para a área imobiliária e da construção, o vice-governador Guilherme Afif Domingos participou do encontro. Em entrevista à revista A Fiabci hoje, Afif  fala sobre a necessidade urgente da reforma política no país.

“O País precisa da reforma política tanto quanto da tributária e da previdenciária. Alguém disse que a política é a economia ou que a política depende da economia. Ou seja, o Brasil precisa das reformas na economia para manter o crescimento sustentado do PIB, preservando o quadro macro-econômico. As perguntas que faço: nossa política é compatível com essas reformas que urge fazer? Ou será que teremos mais gastança  no primeiro ano do novo mandato, num momento em que se deveria estar voltado justamente para ajustes fiscais e da Previdência? Por enquanto, o que vejo é uma visão fiscal não voltada para corte de despesa, mas para aumento de receita.

 Há espaço, sim, para viabilizar a reforma  política. Mas ela não pode ser feita de uma só vez. A gritaria, como já vimos seria geral. Samuel Klein, dono das Casas Bahia nos ensinou que se pode vender qualquer coisa a prazo. Façamos a reforma então dessa maneira. Se o governo de Fernando Henrique não tivesse cometido o erro de querer fazer a reforma da Previdência de uma só vez, mas apenas contemplando os novos beneficiários, já teríamos resolvido pelo menos 60% do problema, ingressando agora numa era de estabilidade e de seriedade nas contas da Previdência.

 Então, se vier a reforma política, que ela tenha validade só daqui para frente, e a longo prazo. A recente eleição de um palhaço foi demonstração clara da fragilidade de nosso sistema. Nada contra Tiririca. Ele apenas aproveitou a oportunidade. Fui totalmente contra a cassação. O que acho é que temos de mudar o sistema. E não é tão fácil quando os interessados estão lá, brecando.

 Sou a favor do voto distrital. Acho que ele precisa passar já. Por que não começar aos poucos na próxima eleição para vereador, naqueles municípios com mais de 200 mil eleitores, para demonstrar à população o que é a vinculação do representante perante a comunidade? Só são 70 municípios nessa condição no Brasil, não é difícil. Só que é preciso apoio, do contrário não acontece. Veja a lei da ficha limpa, que diziam que não aconteceria, mas houve pressão e aconteceu. Convido os aqui presentes a ingressar no movimento do qual faço parte, e que não tem nada a ver com partidos, para nos irmanarmos nesse empenho pela reforma política já a partir da eleição de 2012.

 Torço para que tudo dê certo no novo governo, até porque vejo no entorno da nova presidente quadro moderado de diálogo, o mesmo que já havia presenteado no início do Governo Lula. Na época, como presidente da Associação Comercial, participei ativamente de alguns dos projetos que foram decisivos para o bom momento econômico que agora estamos vivendo, como o da alienação fiduciária, que garantiu a retomada dos bens com rapidez. Colaboração nossa não vai faltar.

 Mas uma coisa é a campanha, outra é governar. Avisto grandes dificuldades. A principal, no controle da máquina estatal. Há que fazer tais ajustes na economia, em especial nos gastos públicos. No setor imobiliário há, por exemplo,  que equacionar a questão da manutenção dos financiamentos de longo prazo, com juros mais baixos, como já acenou a presidente eleita Dilma Rousseff. Será que conseguirá?

 O entrave maior está nas alianças, o calcanhar de Aquiles do novo governo: com os sindicatos, que não permitirão novas receitas de custeio, e com os partidos aliados, que aí estão para potencializar os gastos excessivos. Este é o grande desafio. Vamos ver como isso se resolve no Governo Dilma.

 Revista da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias – A Fiabci hoje. Janeiro / Fevereiro de 2011

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