Um novo olhar para o turismo brasileiro

3 de setembro de 2018
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O turismo é uma das mais antigas atividades econômicas da história e, ainda assim, uma das mais relevantes no atual contexto da economia global. Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), o setor superou, em 2017, as expectativas de crescimento com 1,3 bilhão de viajantes internacionais, 7% acima do resultado registrado em 2016. Esse incremento do número de viagens fez com que o turismo se tornasse responsável por cerca de 10% do PIB global no ano passado, de acordo com dados do World Travel & Tourism Council (WTTC).

Por trás desses números, está uma ampla e profunda revolução do setor, com a inclusão de novas tecnologias digitais que estão tornando o ato de viajar uma atividade cada vez mais simples e acessível. Existe hoje uma infinidade de aplicativos que proporcionam ao viajante uma forma absolutamente nova, com possibilidades ilimitadas, de definir suas escolhas e efetuar a compra de produtos e serviços. Praticamente todos os detalhes de uma viagem estão, agora, a um clique do celular.

Atentos a essas mudanças, o Sebrae, o Ministério do Turismo e a Embratur firmaram um Convênio de Cooperação Técnica, no valor de R$ 200 milhões, para promover a realização de ações voltadas ao aumento da competitividade das micro e pequenas empresas da cadeia produtiva do turismo. Durante dois anos, serão desenvolvidas iniciativas de produção de inteligência, inovação da oferta turística, qualificação dos produtos e serviços turísticos, promoção dos destinos e produtos turísticos, melhoria do acesso a serviços financeiros e atração de investimentos. Com o mesmo foco, o ministério do Turismo articulou com outro parceiro, o BNDES, uma linha de crédito especial de R$ 5 bilhões (dos quais já foram acessados mais de R$ 1,5 bilhão) para gestores públicos e iniciativa privada.

A primeira ação dessa parceria será a realização, em 4 e 5 de setembro, em Brasília, do Turismo Summit 2018. O evento, que reunirá gestores públicos, lideranças do segmento e pesquisadores, promete ser um marco no Brasil. Sabemos da força e da importância estratégica que o setor tem para o desenvolvimento econômico e social do país e a capacidade de geração de emprego e renda ao longo da extensa cadeia produtiva envolvida, que vai desde o artesão até a rede hoteleira. Nosso objetivo com esse espaço qualificado de debates é contribuir com uma mudança de paradigma do nosso turismo.

Como uma atividade transversal e coletiva, o turismo é um dos setores que mais oferecem oportunidades à atuação das pequenas empresas. Isso está comprovado nos dados do Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo, que mostra que 95% de todos os empreendimentos registrados no país são pequenos negócios.
Sebrae tem uma atuação histórica no setor, e construiu, ao longo das últimas décadas, um intenso e sólido trabalho de cooperação e apoio para a estruturação de rotas e roteiros turísticos, de forma tradicional. É chegado o momento de uma mudança de modelo. A partir de estudos e referências internacionais, estamos implantando no Brasil o conceito de destinos turísticos inteligentes. Desde o ano passado, essa nova estratégia começou a ser aplicada em 41 projetos, que visam atender pequenos negócios em todo o país. A proposta é desenvolver um conjunto de ações, específicas para cada território, para colocá-los em sintonia com as demandas de um público cada vez mais exigente e mais integrado às novas possibilidades de consumo de serviços de turismo.

Esse novo modelo está baseado em três eixos principais: promoção da governança, difusão de novas tecnologias e estímulo à prática da sustentabilidade. Para alcançar essa mudança de patamar no turismo brasileiro, será necessária a consolidação de um ambiente de negócios mais favorável às micro e pequenas empresas, o desenvolvimento de soluções voltadas aos empreendedores e aos destinos turísticos, o aumento da conectividade e interatividade, entre outros avanços.

O mais importante é que nenhuma mudança será possível sem a união e articulação das lideranças do setor, sejam empresários, gestores públicos ou pesquisadores. A nossa certeza é de que o modelo que estamos construindo traz uma lógica inovadora, que é do ganha-ganha. Ganham os viajantes, que vivenciam uma nova experiência de turismo; a população local, com a melhoria dos indicadores sociais e a incorporação de equipamentos de lazer, entretenimento e cultura; os empresários, com a elevação dos níveis de competitividade no contexto global, e os gestores públicos, como o aquecimento da economia.

Fonte: Artigo para Correio Braziliense

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