O Brasil está marcando, neste mês de setembro, o período de repensar o seu potencial possível de realizar, porque alguém já o realizou no seu tempo, com tantas ou maiores dificuldades do que aquelas que hoje enfrentamos. Alguém despertou o País para a sua força e para a sua grandeza, ativando a sociedade na sua confiança e no seu orgulho de ser brasileiro, sem xenofobismos, porque quando uma nação toma consciência da sua grandeza, ela se dispõe a irem em frente, participando, competindo, negociando ao seu nível, com seus iguais. Os pequenos e os fracos, assustados, e que se trancam, perdendo as oportunidades e a modernidade, esquecendo que cada tempo tem a sua própria história. Setembro é tempo de ter esperanças, de acreditar na nossa gente e no nosso País, como alguém acreditou; alguém chamado Juscelino Kubitschek de Oliveira, o presidente JK.
Assumindo um Brasil saído do Estado Novo, alquebrado econômica, política e socialmente, com suas estruturas viciadas, burocracia envelhecida e seus poderes corporativistas, ele ousou confiar na energia da Nação. Empunhou a bandeira do desenvolvimento, espalhando confiança e esperança, desenhando um novo Brasil a ser realizado nos cinco anos de seu governo como objetivo de um plano de metas totalmente cumprido.
“Devemos nos habituar a encarar o País com mais respeito pela obra dos que nos antecederam. Não esqueçamos que a Pátria não se inicia com cada geração que surge e, muito menos, com cada governo que começa”. Assim disse JK, externando um conceito que deveria ser observado como lição de estadista sem validade ou egoísmo de políticos menores. Mas a verdade é que o governo de Juscelino quase invalidou seu conceito, pois, independentemente da sua vontade, a nossa história foi demarcada por um antes e um depois de JK. Um governo que pegou um País política e economicamente enfraquecido e tímido, transformando-o em País-potência, instrumentalizando o seu desenvolvimento, criando as bases da sua modernização industrial e tecnológica, gerando um ambiente de confiança e de orgulho social, de potencialidade e credibilidade econômica e de estabilidade democrática e política. A construção de Brasília não foi apenas a bandeira da antecipação do futuro do Brasil grande, foi muito mais. Foi, principalmente, o deslocamento administrativo que privilegiava uma região para uma área mais central, formando a base física de um governo nacional, de uma política federativa que prevalecesse sobre a visão ou comportamento regionalizado.
Cabe aqui repetir o ditado de que a “justiça tarda, mas não falta”, pois a cada dia que passa aumenta o reconhecimento do nosso débito para com o presidente JK, tentando amenizar o peso da injustiça que a história registra, de termos levado à prisão e ao exílio um dos maiores vultos da vida política brasileira. No mês de nascimento de Juscelino Kubitschek de Oliveira, o presidente póstumo, que lhe devemos é recuperar os valores e as crenças do Brasil-potência, acreditando na sua grandeza e ousando realizar.
Publicado no Jornal de S.Catarina em 05/10/88.