O governo deveria apoiar com mais ênfase as iniciativas do setor privado para a qualificação de trabalhadores, e abrir mão da arrecadação sobre a educação como um todo. Esta foi uma das questões debatidas durante a terceira edição do Seminário Educação e Formação de Mão de Obra para o Crescimento, promovido nesta semana pelo Grupo Estado e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com os especialistas presentes no evento, a tributação de 30% sobre as escolas particulares prejudica o país, ao dificultar o pagamento de bons salários para os professores e gastos em aperfeiçoamento. Uma das maiores consequências do encarecimento das mensalidades é o alto nível de evasão: 40% dos alunos que se matriculam não se formam.
Em relação à qualificação profissional, a tributação de investimentos empresariais na capacitação de empregados é o maior entrave para que as companhias invistam em educação. “No Brasil as empresas são tributadas para fazer isso e acredito que deveria ser o contrário, as empresas deveriam ser estimuladas”, disse Ozires Silva, engenheiro criador da Embraer.
“O imposto que é recolhido tributando ensino é muito pouco, perto do total da arrecadação no País, e causa um grande dano, porque desestimula o aprimoramento da população”, afirmou James Wrigth, professor da USP e coordenador do Profuturo.
O presidente do Senai, Rafael Lucchesi, disse que a cobrança de impostos é uma forma de evitar irregularidades, mas prejudica a formação de funcionários. “Por causa de algumas poucas empresas, todas são punidas”, disse. “Temos de discutir como fabricar brasileiros vencedores, porque não estamos fazendo isso. Os sul-coreanos e chineses estão, franceses e americanos continuam. Esse é o ponto central”, enfatizou Ozires Silva.
Fonte: O Estado de S. Paulo