São Paulo– A primeira palestra de capacitação em empreendedorismo para refugiados e solicitantes de refúgio aconteceu na noite dessa terça-feira (26) na Escola de Negócios do Sebrae São Paulo, na região central da capital paulista. Os participantes receberam informações e puderam tirar dúvidas sobre o projeto Refugiado Empreendedor, que é resultado de uma parceria firmada entre Sebrae e Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, no início deste mês, com o objetivo de oferecer capacitação empresarial aos refugiados.
A gerente adjunta da Assessoria Internacional do Sebrae, Juliana Gregory Mee, destacou o grande interesse dos participantes em se inscreverem para participar do projeto e conhecer as etapas para a formalização de empresas “O balanço da palestra foi altamente positivo, já que muitos participantes mostraram que estão interessados na abertura de negócios no Brasil. São futuros empreendedores que vão movimentar a nossa economia e t gerar empregos para os brasileiros”, disse. A palestra teve a presença de 130 pessoas, a maioria da Síria e da República Democrática do Congo.
“O objetivo do projeto é ter a receptividade dos refugiados, mas também que o Brasil consiga se beneficiar de todos que chegam até aqui em busca de uma proteção internacional e, em território brasileiro, possam crescer e se desenvolver”, destacou a coordenadora de Soluções Duráveis do Conare, Flávia Leão.
O gerente de Políticas Públicas do Sebrae São Paulo, Nelson Harvey, ressaltou a importância da capacitação para os futuros empreendedores. “Pensar em ter um ter um negócio por conta própria requer planejamento e conhecimento, já que empreender também é correr riscos. Por isso, ficamos satisfeitos pelo grande interesse na participação nesse projeto, inclusive de alguns que já estão empreendendo no Brasil”, disse Harvey.
Bruna Rodrigues, analista de Assessoria Internacional do Sebrae, detalhou como participar dos cursos a distância oferecidos pelos projeto, que correspondem à primeira etapa. A capacitação on line deve ser finalizada até o dia 21 de maio e é pré-requisito para a segunda etapa, composta por cursos presenciais, também em São Paulo. A terceira e quarta etapas serão voltadas para a formalização dos empreendimentos desse público e para a possível obtenção de crédito empresarial.
A palestra foi finalizada com o depoimento de dois refugiados que se tornaram empreendedores no Brasil, o sírio Talal Al-Tinawi e o congolês Omana Kasongo Ngandu Petench. O refugiado sírio, que é engenheiro mecânico de formação, entrou para o ramo da alimentação e está abrindo um restaurante em São Paulo. Petench, que é formado em Ciências e Letras, dá aulas de francês e dirige uma ONG para divulgar a cultura africana. “O Sebrae e outras entidades de apoio aos refugiados foram fundamentais para que eu pudesse descobrir os caminhos para me formalizar e expandir a minha atividade”, disse Al-Tinawi.
Quase 80 nacionalidades
De acordo com o Conare, existem no Brasil 8,7 mil refugiados reconhecidos e mais 20 mil solicitantes de refúgio. São mais de 79 nacionalidades. A maioria é formada por sírios, angolanos, colombianos, congoleses e libaneses. Para participar do projeto Refugiado Empreendedor, os refugiados devem falar português básico, estar no Brasil há pelo menos um ano e possuir CPF.
Para chegar até os refugiados, o Sebrae e o Conare contam com o apoio da prefeitura de São Paulo, oito organizações não governamentais e entidades (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR, Instituto de Reintegração de Refugiado – ADUS, Associação de Assistência a Refugiados no Brasil – OASIS, Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul – Países Árabes, Caritas Arquidiocesana de São Paulo – BIBLIASPA, Eu Conheço meus Direitos – IKMR, Associação Nacional de Juristas Evangélicos e Missão Paz – Anajure).
Fonte: Agência Sebrae de Notícias