SP perde competitividade por falta de mobilidade, diz Afif

27 de março de 2012
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O Estado de São Paulo sofre com o excesso de veículos nas avenidas e estradas e com a falta de alternativas baratas de transporte de passageiros e de cargas. O vice-governador, Guilherme Afif Domingos (PSD), diz que a região metropolitana perde competitividade por falta de infraestrutura e investimento em mobilidade.

“Sempre privilegiamos o transporte sobre pneus. Agora temos que mudar essa matriz com urgência”, afirma.

Durante a cerimônia de Posse do Conselho de Administração 2012 da Amcham, realizada na quinta-feira (22/03) na Amcham-São Paulo, Afif declarou que é necessário construir ao menos 405 km de trilhos para mudar o cenário dos transportes na macrorregião formada pelas cidades de São José dos Campos, Sorocaba, Campinas e Santos, com a Grande SP  – que concentra 40 milhões de habitantes – ao centro.

“Hoje, o maior problema de SP é o de mobilidade. Na macrorregião de SP, as estradas estão saturadas. E hoje nós temos uma imensidão de pessoas que moram neste entorno que acabam usando o automóvel para se locomover.”

Afif afirma que tem uma “missão impossível” nas mãos, na comparação com o filme homônimo. “Esperamos que isso ocorra nos próximos quatro anos. Entre os projetos estudados que ele quer tirar do papel no período 2012-2015 está a expansão de mais 32,8 km nas linhas de metrô – para além dos atuais 70 km. “SP tem uma média anual histórica de construção de 2 km de metrô por ano. Para atingir a meta, temos que fazer 8,2 km por ano.”

Empresa e governo

Falando a uma plateia na Amcham formada por empresários, Afif defendeu que somente as Parcerias Público-Privadas (PPP) podem tirar o atraso de SP. “Queremos incorporar a governança corporativa privada nos nossos projetos públicos, porque os grandes investidores querem saber em uma perspectiva de longo prazo e buscam boa rentabilidade.”

Ele diz que SP tem 19 das 20 melhores estradas do Brasil. “Fizemos o melhor no regime de PPP”, comenta. Para as empresas, há oportunidade de retorno a partir da exploração comercial de rodovias e linhas de trem. Para o governo, há a garantia da obra executada dentro dos padrões do setor privado.

“Nossas grandes empreiteiras são também operadoras de sistema e não querem mais ser só simples entregadores de obras, querem ser exploradores de infraestrutura.”

Afif estima que haja R$ 25 bilhões disponíveis no caixa do governo para PPP. “Em quatro anos, queremos investir R$ 118,6 bilhões no Estado. Olhando para três áreas prioritárias – mobilidade, logística e saneamento e controle de enchentes – investiremos R$ 62 bilhões.”

Um grande freio precisa ser retirado dos projetos. “O Brasil comete esta ignomínia que é tributar investimento. O primeiro grande passo é desonerar todo investimento em projetos de infraestrutura de interesse público”, reclama.

Crescimento econômico

Afif comentou o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado, avaliando que a falta de investimentos nacionais em infraestrutura e competitividade puxaram o resultado para baixo. Em 2011, a economia brasileira avançou 2,7%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“Esse foi o pior crescimento entre os países da América Latina. Em todas as palestras, repito que o nosso crescimento sempre vai ficar limitado até os 3% porque crescimento está diretamente ligado a investimento”, critica. “O Brasil hoje investe 18% do seu PIB. Para crescer a 5%, por exemplo, teríamos que usar 25%.”

Daí decorre a necessidade de atrair investidores estrangeiros. “O mundo lá fora está em crise. Não há projetos, mas mão de obra qualificadíssima. Há engenheiros querendo trabalhar, enquanto nós necessitamos disso no curtíssimo prazo. O Brasil tem que aproveitar esta janela que o mundo está dando”, analisa.

“As oportunidades excedem a capacidade do setor privado, por isso precisamos nos abrir para o exterior”, diz.

Oportunidades

Afif elencou uma dezena de projetos para o período até 2014. “As estradas estão saturadas. O Rodoanel mal ficou pronto e já está cheio. Temos que substituir esse transporte pelo trem metropolitano”, afirma. Ele acredita que o projeto de um trem expresso de passageiros que percorra a macrorregião de SP é o mais viável, já que “não precisaria nem de PPP pelo volume de passageiros que podem ser transportados”.

Para Afif, o Ferroanel – projeto que interligaria o interior aos portos do litoral paulista sem passar pela capital – desafogaria toda a malha rodoviária do Estado. “O sistema ferroviário em SP funciona de 0h às 4h, que é a hora que o trem de carga pode passar por dentro da capital, já que das 4h à 0h só é permitido o transporte de passageiros. Tudo porque não temos o Ferroanel.”

“A construção do Ferroanel é um projeto de curtíssimo prazo que temos que implementar para retirar grande parte dos caminhões de carga das rodovias.”

O vice-governador cita ainda que há alternativas de investimento para ampliação do porto de São Sebastião, “para escoar a produção do Vale do Paraíba, que poderia ter uma expansão industrial formidável com a influência do pré-sal”; e de aeroportos de carga no Estado, “que sofre com a falta um ponto de captura para servir os 30 aeroportos do interior”.

Entre as ideias apresentadas, há a construção de um porto auxiliar no litoral norte do Estado (um retroporto no planalto, na altura de Jacareí) e uma revitalização do Campo de Marte que poderia funcionar como base para o transporte de carga com aviões turboélice da capital ao interior.

“Até 2018, sonhamos em fazer mais 90 km de metrô”, diz. “E de trens, temos atualmente 250 km de trilhos e queremos mais 375 km até 218.”

Amcham (Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos)  em 27/3/2012

 

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