O Brasil é um dos países com maior taxa de criação de empresas entre todas as nações avaliadas pela mais recente pesquisa GEM – Global Entrepreneurship Monitor, de 2012. Chama a atenção o fato de que grande parte dos novos empreendedores brasileiros é jovem: predomina a faixa etária entre 25 e 34 anos. Isso mostra que essa parcela da população pode ter importância cada vez maior para o desenvolvimento econômico e social do país.
Mesmo os jovens que não querem abrir um negócio podem usar seu espírito empreendedor nas empresas, como profissionais liberais ou em organizações sociais – colocando seus conhecimentos adquiridos na universidade, seu entusiasmo e sua criatividade a serviço do Brasil.
A pesquisa GEM ouviu, em 2012, 10 mil indivíduos entre 18 e 64 anos, das várias regiões do país, e entrevistou 87 especialistas de diversos segmentos, sobre oportunidades e problemas para o empreendedorismo.
Os negócios iniciais estão concentrados nas mãos de jovens entre 25 e 34 anos, que respondem pela criação de 33,8% das empresas. A faixa etária entre 35 e 44 anos reúne 27% das novas empresas. Já entre os empreendimentos estabelecidos (com mais de 3,5 anos de atividade) a idade predominante está entre 35 e 44 anos, com 30% dos negócios.
Dentre os entrevistados em 2012, 50,2% afirmaram perceber boas oportunidades para negócios no país, contra 43,1% no ano anterior. Mais de 80% das respostas apontaram um “novo negócio como opção de carreira”, ressaltando o status e o respeito perante a sociedade como pontos positivos do empreendedorismo.
Também teve destaque a questão sobre o “sonho do brasileiro”: 43,5% escolheram a alternativa “um negócio próprio”, superando a perspectiva de “ter uma carreira na empresa” (24,7%).
Os homens ainda são maioria entre os empreendedores iniciantes (50,4%), mas as mulheres vêm apresentando maior taxa de crescimento de abertura de negócio próprio e devem, em breve, tornarem-se majoritárias.
Outro ponto importante revelado é o fato de que cerca de 70% dos negócios foram motivados por oportunidade, ao contrário do que ocorria nos primeiros anos do estudo, quando esse percentual era de 42%. Predominava o “empreendedorismo por necessidade”, isto é, a abertura de um negócio se dava principalmente como alternativa ao desemprego, já que a economia brasileira tinha baixa capacidade de geração de postos de trabalho.
Em suma, os dados mostram que o ambiente hoje no Brasil é propício para o empreendedorismo e que os jovens podem e devem embarcar nisso. Além disso, abrir um negócio é uma excelente opção para quem vive nas grandes cidades e perde tempo e dinheiro com deslocamento até o local de trabalho. Tendo sua própria empresa, o empreendedor pode trabalhar em casa, definir seus horários e se dedicar à família e a outras atividades.
Mas precisamos lembrar que, para que os jovens consigam empreender, são necessárias regras simples e estáveis. Embora o empreendedor vislumbre oportunidades onde outros nada veem, não basta perceber as oportunidades se não houver um ambiente institucional que estimule a transformação das ideias em realizações concretas. O elevado nível de tributação, a parafernália de impostos e o excesso de burocracia desestimulam o empreendedorismo. A carga tributária é elevadíssima para nosso padrão de renda – quase 37% do PIB – e no caso das empresas a tributação pode passar de 50% do faturamento.
Para combater esses problemas, o caminho está na reforma tributária, na desburocratização e na diminuição dos gastos do governo. E para isso é necessária muita vontade política.
Temos um longo caminho pela frente para colocar o Brasil na rota do desenvolvimento elevado e sustentável. E os jovens, com seu espirito empreendedor e sua ousadia, podem ser os grandes responsáveis pelas mudanças que todos esperamos.