O emprego no mundo segundo a OIT

3 de junho de 2013
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Cinco anos após a crise financeira internacional, o emprego no mundo segue desigual, segundo relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta segunda-fera (3).

De acordo com a OIT, nos países emergentes e em desenvolvimento, o emprego deve retornar aos níveis pré-crise em 2015. Nas economias desenvolvidas, no entanto, esse nível só deve ser retomado após 2017.

Pelas estimativas de crescimento atuais, o nível de emprego nas economias avançadas deve recuperar os níveis pré-crise em 2014. “Entretanto, considerando o crescimento da população economicamente ativa, o nível de emprego não vai se recuperar até 2018”, diz a OIT.

Entre os países analisados, 30% já têm níveis de emprego superiores aos registrados em 2007. Em 37%, houve melhora, mas insuficiente. Nos outros 33%, as taxas de emprego seguem em queda.

“No nível global, o número de desempregados continuará a crescer a menos que haja uma mudança de curso política. O desemprego global deve chegar a 208 milhões de pessoas em 2015, comparado aos pouco mais de 200 milhões no momento da publicação (do relatório)”, afirma a OIT.

Globalmente, segundo o estudo, as taxas de desemprego permanecem “teimosamente” altas. “Em 2012, o desemprego global chegou a 5,9%, 0,5 ponto percentual acima da taxa de 5,4% de antes da crise. Mas o desemprego global voltou a subir novamente no final de 2011, aumentando em mais de 3 milhões de pessoas ao longo de 2012, para 195,4 milhões de desempregados”. Em 2018, esse número deve chegar a 214 milhões.

Para que o nível de emprego mundial retorne ao registrado antes da crise, são necessários mais de 30 milhões de postos de trabalho.

A organização ressalta que, nos últimos cinco anos, houve um crescimento de 60% no desemprego de longo prazo (mais de 12 meses) nos países avançados e em desenvolvimento.

Brasil

Para o Brasil, o relatório aponta que, entre as economias da América Latina que estão no grupo de rendimento médio superior, o crescimento do tamanho da classe média foi particularmente alto no país (alta de 16 pontos percentuais) entre 1999 e 2010. “Os níveis de pobreza também caíram consideravelmente”, diz.
O relatório cita que o país implementou ambiciosas políticas de trabalho e social, como o aumento do salário mínimo, extensão da proteção social (como o Bolsa Família), e ampliou os investimentos em saúde, educação e infraestrutura.

“No Brasil, o aumento do salário mínimo nacional e o ‘Bolsa Família’ (programa de transferência de renda) são duas das medidas mais amplamente creditadas para explicar a redução da pobreza, o que tem abastecido o motor econômico do país”, diz o relatório.

Emergentes, em desenvolvimento e avançados

Nos países emergentes e em desenvolvimento, a situação do emprego é “mais positiva que o cenário global”, diz o relatório. Em 13 dos 18 países sobre os quais há informações disponíveis, as taxas de emprego superaram as de antes da crise em 2012. Em apenas quatro, foi registrada queda. Em 11, houve recuperação insuficiente.

“Em geral, essas economias foram menos afetadas em termos de destruição de emprego durante a crise, mas foram impactadas pela desaceleração no crescimento do emprego”, diz a OIT.

Nesses países, no entanto, o emprego informal segue alto, representando mais de 40% em dois terços dos avaliados.

Nas economias avançadas a situação é considerada mais problemática. Entre as 37 avaliadas, em apenas seis (Alemanha, Hungria, Israel, Luxemburgo, Malta e Suíça) o emprego recuperou seu nível pré-crise. Em 35% dos países, houve recuperação insuficiente desde 2007. Em quase metade das economias avançadas, tem havido queda do emprego desde o começo da crise.

Qualidade do trabalho

A OIT verificou que houve piora na qualidade do trabalho tano em países avançados quanto emergentes e em desenvolvimento entre 2007 e 2011. Em Israel, por exemplo, o valor médio da hora de trabalho caiu 2,5%. Na Alemanha, houve recuo no gasto com benefícios sociais.

Na Grécia, houve alta na incidência de emprego temporário, acompanhada pela redução no valor da hora trabalhada.

Desigualdades de renda

Segundo a OIT, o “fosso” entre ricos e pobres na maioria dos países de baixa e média renda continua a ser grande. Muitas famílias que conseguiram elevar-se acima da linha de pobreza estão em risco de voltar à situação anterior.

Nos países em desenvolvimento e emergentes, o tamanho do grupo de renda média aumentou de 263 milhões em 1999 para 694 milhões de 2010. “No entanto, um ‘grupo flutuante’ de vulneráveis – aqueles que estão acima do nível de pobreza – passou de 1,117 milhões em 1999 para 1,925 milhões em 2010, principalmente em economias de baixa e baixa e média renda”.

Por outro lado, as desigualdades de renda aumentaram nas economias avançadas ao longo dos últimos dois anos. Segundo o relatório, as desigualdades de renda aumentaram entre 2010 e 2011 em 14 das 26 economias avançadas pesquisadas, incluindo a França, Dinamarca, Espanha e Estados Unidos.

Em muitas economias avançadas, os grupos de renda média estão encolhendo – em parte, pelo desemprego de longa duração. Na Espanha, o tamanho do grupo de renda média caiu de 50% em 2007 para 46% até o final de 2010. Nos Estados Unidos, 7% da população tiveram aumento de seu patrimônio líquido durante os dois primeiros anos da recuperação. Já os restantes 93% viram seu patrimônio declinar.

“O tamanho cada vez menor de grupos de renda média das economias avançadas é uma questão preocupante, não só para a inclusão dessas sociedades, mas também por razões econômicas. Decisões de investimento de longo prazo por parte das empresas também dependem da proximidade dos grupos de renda média grandes e estáveis que estão em situação de consumir”, disse Raymond Torres, diretor do Instituto Internacional de Estudos do Trabalho, o braço de pesquisa da OIT.

 

Fonte: G1

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