Negócios para o bem coletivo

3 de setembro de 2013
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O que motiva alguém a se tornar um empreendedor? Independência pessoal e aumento de renda são as principais razões no Brasil, de acordo com pesquisa da consultoria Endeavor. Preocupação com problemas sociais sequer entra na lista de respostas. Mas é nesse perfil – do empreendedor social – que novas aceleradoras estão apostando. Para as organizações cujo objetivo é auxiliar startups, o setor dos negócios sociais, chamado de 2.5, por unir o lucro do segundo setor com o impacto social do terceiro, é uma oportunidade para empreendedores e investidores e ainda tem muito a crescer no País.

“Essa onda está se formando, então quem conseguir ver isso mais cedo vai se dar melhor”, diz Mariana Amazonas, diretora-executiva para desenvolvimento no Nordeste da aceleradora Artemisia Negócios Sociais. Empreendedorismo social, segundo ela, pode ser qualquer tipo de negócio que promova um bem em torno do coletivo. “A definição da Artemisia compreende empreendimentos que visam ao lucro servindo às classes C, D e E”. Fundada em 2004 pela Potencia Ventures, a Artemisia já acelerou mais de 60 startups, três no Nordeste.

A desenvolvedora baiana de softwares Dossier Digital foi uma delas. A empresa ensina meninos da periferia a criar aplicativos para microempreendedores dos bairros em que moram. “Os aplicativos são vendidos em nossa loja virtual (MeuSoft.com.br) e o jovem ganha um percentual do lucro”, explica a diretora Letícia Lisboa, sócia do negócio ao lado do marido, o arquiteto de softwares Sebastião Cartaxo. Os empreendedores explicam que a ideia da empresa tem como base a percepção de que os jovens têm maior capacidade de mapear boas ideias em seus bairros.

Mesmo após se instalar no Parque Tecnológico e vencer o desafio “Construir a Base” da SAP e Changemakers, a Dossier ainda tem dificuldades para atrair investidores. “Todo mundo a que a gente apresentava o plano de negócio dizia que a gente era maluco. Eles não entendem. Olham para mim como ONG, o que eu não sou. O fato de ficar no meio do caminho ainda atrapalha”, diz Letícia.

A mesma barreira não foi enfrentada pelo empreendedor social Cláudio Sassaki em São Paulo, onde o setor 2.5 já está mais amadurecido do que na Bahia. “O apetite de investidores por negócios de impacto social é grande”. Sassaki é dono da Geekie, empresa de aprendizagem adaptativa.

No ano passado, eles atingiram 200 mil estudantes, sendo 75% de escolas públicas. A previsão para 2013 é alcançar um milhão de alunos. “A gente trabalha em uma necessidade básica do nosso País, que é a educação, e, para isso, temos um modelo de negócio”.

A Geekie tem como parceiros a Artemisia e o Instituto Inspirare. Entre as frentes de ação do Inspirare está o programa de aceleração de negócios sociais voltados para a educação, que teve início em 2012 com a Geekie. Segundo a gestora Ana Flávia Castro, os empreendedores sociais agem onde o governo não alcança. “É um setor a ser bastante desenvolvido no Brasil. Há pouco tempo nós tínhamos um fundo de impacto. Hoje temos mais de dez”.

Para o sócio da Dossier, esse é o melhor caminho a ser adotado por empreendedores do setor 2.5. “Os grupos internacionais investem mais do que os nacionais”, diz Cartaxo, que é um dos 15 finalistas do IV Concurso de Negócios Sociais NESsT Brasil. Outra estratégia da Dossier é fazer parcerias. “Fizemos projeto com a Eletrobrás e com a Associação de Moradores do Pelourinho. Também procuramos ONGs ou Oscips”, conta Letícia.

Fonte: A Tarde

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