RIO DE JANEIRO – Uma casa que se transformou em um hotel e uma pequena sala que virou uma gráfica. Negócios que já foram chamados de “fundo de quintal” ganham espaço na economia fluminense e estimulam o mercado nas comunidades pacificadas.
Para ressaltar o trabalho desses empreendedores, a Agência Estadual de Fomento (AgeRio) criou o Prêmio Empreendedor da Comunidade, que este ano identificou 12 negócios, de um total de 711, que se destacaram em potencial e gestão. Todos receberam empréstimos a baixo custo, por meio do Programa de Microcrédito da agência. A AgeRio liberou R$ 10 milhões para 2 mil negócios. Em 2012, foram 100 projetos.
Dona de um hotel no Vidigal, comunidade da zona sul da capital fluminense, com vista privilegiada para o mar, a microempresária Fernanda Almeida Botelho foi premiada em duas categorias: Negócio de Sucesso e Negócio Inovador. Ela montou o Vidigal Hostel, no ano passado, quando viu a possibilidade de aumentar a renda da família e poder passar mais tempo com a filha.
A microempresária começou com dois quartos para 12 hóspedes na laje da própria casa. Com o financiamento de R$ 12 mil, construiu mais cinco quartos, ampliando a capacidade do hotel para 21 pessoas. “Estamos vendendo os quartos para o carnaval e a Copa Mundo. Para a Copa, a ocupação é 80%. E para o Natal e ano-novo as vagas são poucas”, declarou.
Jefferson da Silva Santos, de 22 anos, venceu na categoria Jovem Empreendedor. Ele começou o seu negócio, montado na garagem da casa, também no Vidigal, com uma clientela de três pessoas e uma máquina copiadora. Com o financiamento, expandiu o seu comércio. Comprou computadores, móveis, máquinas e contratou funcionários. Atualmente atende a 52 clientes, aumentando o faturamento.
“Tivemos um crescimento enorme. Com mais capital, expandimos tanto a empresa, como os negócios, prova do salto do nosso número de clientes”, disse Jefferson, que presta cerca de 25 serviços, como criação de logomarca e produção de banners e panfletos.
De acordo com o presidente da AgeRio, Domingo Vargas, os investimentos nos negócios só foi possível graças à política estadual de segurança pública. Com as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), segundo ele, o estado conseguiu oferecer mais serviços para essas comunidades, declarou. “As UPPs asseguraram que nossos clientes pudessem receber clientes de fora de suas comunidades”, ressaltou.
Segundo a agência, com a pacificação, os empréstimos com juros de 3% ao ano para esse perfil de empreendedor subiram de 100 para 1,6 mil, de 2012 para 2013. O dinheiro, com juros mais baixos que o mercado é disponibilizados para negócios como bares, salão de beleza e lojas de roupas. Entre eles, está o da primeira cerveja artesanal do Morro do Alemão, na zona norte.
Fonte: Jornal do Brasil