SÃO PAULO – Estereotipadas por terem clientes nerds ou geeks, as lojas especializadas em objetos colecionáveis e brinquedos ligados ao universo dos super-heróis, histórias em quadrinhos e desenhos animados ganham cada vez mais espaço no País e, dessa maneira, atraem investimentos.
Victor Jacques, por exemplo, já era dono de uma empresa de tecnologia quando resolveu investir em um e-commerce de colecionáveis em 2013, a ToyShow. Um ano depois, a loja já mostrava-se financeiramente sustentável e promissora. Por isso, Jacques investiu cerca de R$ 500 mil para abrir uma unidade física na região da Avenida Paulista no começo deste ano.
Com o movimento, o empreendedor espera fazer o faturamento mensal saltar dos atuais R$ 120 mil para R$ 300 mil até o fim de 2015 com a venda de colecionáveis, roupas, literatura e objetos de decoração. No local são vendidos desde bonecos da coleção Pop!, da Funko, por R$ 49 em média até um boneco do Homem-Aranha em tamanho real por R$ 28 mil.
Interessado pelo tema desde a infância, o empresário passou a colecionar itens quando já era adulto. Como não encontrava o que queria nas lojas brasileiras, passou a importar estátuas e figuras de personagens como o Wolverine. Com o nascimento da filha, o quarto onde os produtos ficavam expostos precisou ganhar outra finalidade e Jacques improvisou um espaço no seu negócio de treinamento e tecnologia. “A empresa tem um fluxo alto de pessoas e elas começaram a perguntar se eu não vendia. Aí veio a ideia de montar a empresa”, conta Victor.
O empresário está otimista com o crescimento do negócio e baseia sua análise nos novos filmes relacionados a esse nicho de mercado. “Em cinco anos, teremos 20 lançamentos de grandes produções. Tudo isso está virando cultura pop. Não é só coisa de colecionador. Há dez anos, uma pessoa com a camisa do Batman em uma festa era rotulada como nerd. Hoje é uma roupa normal”, afirma.
Localizada a poucos quarteirões da ToyShow, a loja Limited Edition, dos sócios Rodolfo Balestero Pranaitis e Daniel Altavista. Com faturamento médio de R$ 290 mil por mês em 2014, o negócio ganhará uma nova plataforma de e-commerce ainda este mês e a abertura de outra unidade está sendo estudada. “O nosso mercado foge um pouco da curva e sofre menos em relação aos outros porque mexe com a paixão. Temos itens limitados que serão lançados uma vez e acabam inflacionados depois. O pessoal tem medo de deixar para comprar depois e pagar o dobro ou triplo”, destaca Pranaitis, que abriu o negócio em 2009.
Como exemplo, ele conta que uma peça do Cavaleiros do Zodíaco, vendida em 2011 por R$ 149, pode ser encontrada hoje por ate R$ 1,7 mil. Sobre o público da loja, Pranaitis diz que também recebe muitos arquitetos e decoradores em busca de peças. “O cinema fortalece nosso mercado. A grande expansão dos colecionáveis é muito por conta dos filmes, como Homem de Ferro, até seriados como Big Bang Theory. Temos uma grande expectativa para este ano com o Star Wars – O Despertar da Força. Enquanto tiverem filmes, o mercado continuará aquecido”, acredita.
Fidelização. Ao sair do círculo nerd e expandir para outros públicos, a tendência é que esse tipo de negócio torne-se um mercado interessante em termos de volume de vendas, segundo análise do coordenador do Centro de Estratégia do Insper, Luiz Fernando Turatti.
Com mais empresas no mercado, o professor afirma que a diferenciação do varejista no médio e longo prazo não será o portfólio de produtos, mas a proximidade com o cliente. Por isso, ele sugere um trabalho para a criação de uma comunidade em torno da loja com a promoção de eventos que traga e fidelize esse público.
Fonte: Estadão PME