MINAS GERAIS – Morador de Araponga, uma pacata cidade com 8,5 mil habitantes na Zona da Mata e a 280 quilômetros de Belo Horizonte, o cafeicultor Jesus Ermelindo Macedo, de 40 anos, tem orgulho em dizer que boa parte de sua produção ajuda a abastecer os mercados dos EUA, Japão, Europa e, claro, do próprio Brasil. Mas essa não é a única satisfação do agricultor: seu município ocupa o primeiro lugar no ranking estadual elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Secretaria de Assuntos Estratégicos, do governo federal, sobre a taxa municipal de empreendedorismo. Lá, 65,35% da população entre 15 e 65 anos são empreendedores.
Já Tocos do Moji, no Sul de Minas e com 4 mil habitantes, ocupa a segunda posição, com taxa de 59,64%. A vizinha Bom Repouso, com cerca de 10,5 mil pessoas, é a terceira da fila (56,06%). As primeiras colocações no levantamento mostram que o empreendedorismo é a mola da economia de muitas cidades de pequeno porte – a pesquisa leva em conta empreendedores formais e informais.
“No levantamento, o empreendedor foi definido como todas os empregadores ou pessoas que trabalham por conta própria, entre eles os rurais. Em muitos casos, a alta taxa de empreendedorismo se deve à parte da economia rural”, explica o economista Fábio Monteiro Vaz, um dos elaboradores do estudo.
Jesus, o cafeicultor de Araponga, respalda a análise do especialista. Naquela cidade, cerca de 60% dos moradores vivem na área rural – o café é principal lavoura local. “Produzimos, em média, 100 mil sacas (60 quilos cada) do grão. Temos um dos melhores cafés do país”, garante. Por sua vez, tanto em Tocos do Moji quanto em Bom Repouso, o carro-chefe da economia é o mercado de morango. Nessa última, um grupo de produtores criou a Coração do Vale, uma central de negócios que ganhou fama no país, pois se tornou referência em como trabalhar em conjunto. “Vendemos o quilo de morango por cerca de R$ 3. O valor antigo, com os atravessadores, era de R$ 1,50”, diz o presidente da Coração do Vale, Anilton da Silva.
BH ficou na posição 346 no ranking, com taxa de 22,45%. Sádia Campos, de 50, faz parte desse índice. Há dois anos, ela montou a Neo Confecções, no Bairro São Geraldo. A empresa, especializada em uniformes e roupas esportivas, registra crescimento em torno de 70% entre o acumulado de 2013 e o mesmo período de 2012. “Comecei em minha casa, costurando. Cortava cerca de 100 peças. Depois, contratei uma costureira, aluguei um barracão”, recorda a empresária.
TABELAS
O Ipea elaborou outras tabelas a respeito do empreendedorismo em Minas, como o lucro médio mensal. Nesse caso, Nova Lima, na Grande BH, ocupa o primeiro lugar, com cifra R$ 9.743,59. Em seguida, aparecem Capinópolis (R$ 8.438), no Triângulo Mineiro, e Itaú de Minas (R$ 7.578,57), no Sul do estado – ambos os municípios têm quase 15,5 mil habitantes. A capital ficou em 11º lugar (R$ 5.573,67).
Fonte: em.com.br