Em Uberaba, são mais de mil empreendedores cadastrados na Prefeitura. Famílias apostaram na venda de pastéis, linguiça e no ‘disque pamonha’.
Quem anda pelas feiras populares não imagina toda a movimentação financeira por trás da comercialização de produtos tradicionais, mas nestes locais é possível encontrar empreendedores e famílias inteiras que tiram o sustento de um mesmo segmento. Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, são mais de mil empreendedores populares cadastrados na Prefeitura e 90% deles seguem o negócio como uma tradição da família.
Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da cidade, José Humberto Guimarães, por semana são 23 feiras itinerantes espalhadas pelo município. “Para se ter uma ideia, há sete anos, nós tínhamos menos de 200 pessoas inscritas como feirantes. Hoje, são mais de mil. Só na feira do Bairro Abadia temos 620 inscritos, dos quais comparecem todos os domingos um pouco mais de 200 feirantes vendendo toda a variedade de produtos”, explicou o secretário.
Pela feira é possível encontrar várias lições de como vencer desafios do mundo empresarial. A família do feirante Anderson Roberto de Souza sabe muito bem como é isso. Só na feira onde trabalham existem dez pastelarias, mas o empreendimento que hoje funciona em um trailer começou de forma simples. “Meu sogro começou com uma barraquinha e, inclusive, a levava em uma carroça, alugava um carroceiro e era um sofrimento. As coisas foram melhorando e ele conseguiu comprar um carro, depois disso fizemos um investimento e adquirimos um trailler e as coisas estão caminhando”, contou o feirante.
Hoje, já são diversas barracas espalhadas também pela cidade com mais de 40 funcionários trabalhando. Mas para vender cerca de 1.200 pastéis por dia a família continua batalhando. O negócio cresceu tanto que a massa feita por eles já é comercializada para outras pastelarias e, por semana, eles vendem cerca de meia tonelada.
Outro exemplo de sucesso em termos de empreendedorismo popular é o do feirante Silvano de Oliveira, que saiu ainda jovem do Paraguai, onde morava com a família, para trabalhar em uma banca de frutas na feira de Uberaba. Hoje, ele é dono de um açougue no local. “O segredo para se manter no mercado é ter um produto de qualidade, estar com a banca sempre arrumada e manter a clientela. Graças a Deus os negócios estão indo bem, não estou aumentando mais por falta de mão de obra”, pontuou Silvano.
Já são 32 anos no mercado e, durante esse tempo, o empreendedor investiu em algumas inovações. Na feira é possível comprar carne e pagar com cartão de crédito, por exemplo. A produção deixou de ser revendida e, agora, Silvano também é dono de uma fábrica de linguiças que atende o comércio da cidade. “Sou um feirante que nasceu dentro da feira, comecei com 16 anos a trabalhar aqui e estou até hoje. Tenho funcionários, uma equipe que trabalha comigo e, além disso, tenho uma fábrica de linguiça e ainda revendo para o comércio”, disse o feirante.
A diversidade também foi a aposta empreendedora da família Costa. A venda de milho fresquinho inaugurou o negócio e, apesar de ainda fazer parte do empreendimento, o produto ganhou companhia na feira. Hoje, além do milho, eles vendem pamonha, cural e outros derivados. Mas o trabalho da família Costa não se resume apenas à feira. Para ampliar as vendas eles investiram em um ‘disque pamonha’. “Criamos o ‘disque pamonha’ para também atender os clientes e, além disso, percorremos as feiras. Entregamos acima de cinco unidades e o negócio já funciona há três anos e está indo bem”, contou a feirante Valéria Cristina Paiva Saturno.
Com as vendas na feira e a inovação no atendimento a família conseguiu um resultado impressionante. Eles vendem nove toneladas de espigas por semana e quatro mil pamonhas, além disso, empregam 10 pessoas. “A partir do momento que você faz o dinheiro girar, tanto aqui na cidade quanto fora onde vamos buscar o milho, você movimenta o comércio e se torna um empreendedor”, finalizou o feirante Cláudio Luís da Costa.
Fonte: G1