Brasília – Os mais de 12 milhões de moradores das favelas brasileiras movimentam anualmente cerca de R$ 80 bilhões na compra de produtos e serviços, segundo dados de pesquisa do Data Popular. Para fomentar a economia nesta região, onde a maioria dos negócios é formada por empresas de micro e pequeno porte, o Sebrae vai lançar o Favela Legal. O projeto, que terá piloto em comunidades de São Paulo, vai identificar moradores com perfil empreendedor, incentivar a formalização de pequenos negócios já existentes e promover a capacitação empresarial nas regiões.
“Essas empresas geram emprego e renda, estão próximas da casa ou do trabalho das pessoas e ajudam a desenvolver a região, pois o dinheiro que circula fica no bairro”, ressalta o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos. “O sonho do proletariado é ser pequeno burguês, ser o patrão de si mesmo”, acrescentou Afif, comentando levantamento da Fundação Perseu Abramo, que mostrou apoio do morador de áreas periféricas da capital paulista aos programas sociais. A pesquisa Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulo apontou que o paulista valoriza o esforço pessoal em vencer na vida.
Para lançar o Favela Legal, o Sebrae ouvirá entidades representativas das comunidades, entre elas, a Central Única das Favelas (CUFA). A ideia é utilizar os Agentes de Desenvolvimento, que poderão ser identificados na própria favela, para descobrir o perfil empreendedor dos moradores e incentivar a formalização dos negócios.
O Favela Legal também deverá promover a capacitação dos empresários locais, levando diretamente soluções do Sebrae, como os programas de qualificação do Microempreendedor Individual (MEI), entre eles o SEI Vender, SEI Controlar o Meu Dinheiro e SEI Planejar. A proposta deve adotar também nas comunidades o programa Super MEI, lançado em parceria com o Sebrae em São Paulo, que visa requalificar pessoas nas profissões que faltam no mercado, como encanador, eletricista, entre outras atividades, transformando-os em Microempreendedores Individuais.
Empresas legalizadas
Além de levar as soluções do Sebrae, o Favela Legal concentrará esforço na legalização dos negócios das comunidades. “Queremos desconectar a regularidade do imóvel da regularidade da empresa”, comentou Afif.
O projeto deve ainda aproveitar a base do programa Negócio a Negócio, que promove visitas de Agentes de Orientação Empresarial para diagnosticar melhorias na gestão de empresas. Com isso, os moradores das favelas poderão ser treinados como orientadores na formalização dos negócios.
Sonho empreendedor
Realizada pelo Data Popular em 2013, a pesquisa Empreendedorismo nas Favelas apontou que 4 em cada 10 moradores das comunidades brasileiras (3,8 milhões de pessoas) sonham em ter o próprio negócio. O desejo de ser patrão também é verificado na pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), que mostra que abrir uma empresa está entre os quatro principais sonhos do brasileiro, deixando para trás a vontade de fazer carreira em uma instituição.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias