MINAS GERAIS – Através de oficinas pedagógicas, crianças de Uberlândia estão aprendendo lições de empreendedorismo. Auxiliadas pelos professores, os estudantes de sete a dez anos produzem materiais para vender em uma feira e descobrem como ter renda própria. O programa começou há quatro anos em uma escola particular, a primeira da cidade a receber o projeto do Sebrae, que começou há oito anos no país. Os professores foram treinados e ficaram encarregados de repassar aos alunos o aprendizado.
O projeto será finalizado com uma festa, na qual os materiais confeccionados pelos estudantes serão vendidos. O valor arrecadado será dividido entre os participantes, que ficarão à cargo de decidir o que fazer com o dinheiro.
Segundo a coordenadora pedagógica da instituição de ensino, Linei Nielsen, através das oficinas as crianças se desenvolvem em vários pontos. Cada turma tem uma atividade, sendo que no terceiro ano é a produção de brinquedos com materiais recicláveis, no quarto a criação de um gibi e no quinto os estudantes desenvolvem maquetes. “Elas viabilizam a troca de aprendizagem e experiências, e a partir disso a criança coloca em prática o que viu na teoria. Além disso, os alunos aplicam valores e princípios como ética, caráter e perseverança”, comentou.
A analista do Sebrae, Fabiana Queiróz, disse que os professores foram treinados para motivar atividades empreendedoras entre os alunos. “Os professores passaram por uma semana de capacitação na qual foram trabalhadas questões da sustentabilidade, de ensino e aprendizagem. A partir daí, ano a ano eles conduzem junto aos alunos as oficinas e a feira de comercialização dos produtos”, explicou.
As crianças desenvolvem, ainda, senso de reaproveitamento e aprendem a poupar dinheiro para aplicar em algo que lhes dê retorno. A fonoaudióloga Naila Moreno de Siqueira contou que as filhas já pensam em ter o próprio dinheiro após a oficina. “Elas chegam em casa com ideias. A mais velha, por exemplo, me pediu materiais para confeccionar pulseirinhas e ela vende perto de onde moramos. Assim ela tem o próprio lucro e às vezes eu até faço um ‘vale’ com ela. Eu falo: minha filha me empresta um dinheiro para comprar um pão?”, contou.
As lições aprendidas ajudam a despertar nas crianças a vontade de ter o próprio negócio e o próprio dinheiro. O estudante Antonio Augusto Ayres já pensa em ter um empreendimento. “Eu pretendo montar um comércio para vender peças de carro porque eu gosto muito de carro”, disse.
A aluna Boaz Camuri Santos contou que aprendeu a poupar o dinheiro que ganha. “Aprendi a não comprar brinquedo e sim a fazer e a reciclar”, contou.
Através das oficinas a estudante Elisabete Simão Costa soube explicar em casa porque o preço dos alimentos sobe. “O preço vai aumentando por causa da seca e também por causa do custo que tem para que eles cheguem até nós”, disse.
Fonte: G1