Brasil mantém 85º lugar no IDH

15 de março de 2013
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O Estado de S. Paulo

O Brasil teve entre 2011 e 2012 uma leve melhora em seu Índi­ce de Desenvolvimento Huma­no (IDH) e permaneceu na 85.ª posição no ranking que mede a qualidade de vida em 187 países, mas aparece como uma das estrelas do relatório apresentado ontem pelo Pro­grama das Nações Unidas pa­ra o Desenvolvimento (Pnud), graças a seu desempenho so­cial nas últimas duas décadas.

O IDH é calculado com base em indicadores de renda, educa­ção e longevidade, ou seja, saú­de. O índice brasileiro chegou a 0,73 em uma escala que vai de o a 1 – quanto mais alto, mais de­senvolvido é o país. Os dados revisados para 2011 atribuem ao Brasil o índice 0,728.

O Pnud reconheceu que utili­za em seus cálculos dados me­nos atualizados que os do gover­no brasileiro – o que motivou protestos oficiais. Se os dados mais recentes tivessem sido con­siderados, o IDH seria de 0,754, segundo o órgão da ONU. Por razões metodológicas, esse nú­mero não pode ser comparado aos dos demais países.

A Noruega, primeira colocada no ranking mundial, alcançou IDH de 0,955. O Niger, na última posição, ficou com apenas 0,304.

Desempenho.

O Brasil aparece 137 vezes nos textos, gráficos e tabelas do relatório – um recor­de desde a primeira avaliação do Pnud, feita em 1990. Uma das ra­zões desse destaque é o próprio énfoque do trabalho, centrado no crescimento econômico dos países em desenvolvimento e nas conseqüências sociais do fe­nômeno. O título do relatório é A ascensão do Sul – progresso hu­mano em um mundo diverso.

Entre 1990 e 2012, praticamen­te todos os países tiveram melho­ras em seu IDH. Mas o Brasil apa­rece em um grupo de 40 nações que, no período, apresentaram desempenho “significativamen­te superior” ao previsto, dada sua condição em 1990. Desde aquele ano, o IDH brasileiro su­biu 24% (era de 0,590), em veloci­dade maior que a dos vizinhos latino-americanos.

“O País mudou o padrão históri­co em muito pouco tempo, e é reconhecido por isso”, afirmou Jorge Chediek, coordenador residente do sistema ONU no Brasil. Outros exemplos de países com desempe­nho acima da média nas últimas duas décadas são China, Índia, Co­réia do Sul, Turquia e México.

Para os autores do relatório, o que explica a performance diferenciada de um determinado grupo de nações são fatores co­mo “Estado desenvolvimentista proativo, aproveitamento dos mercados mundiais e inovações em políticas sociais”.

O desempenho na área social foi o principal impulsionador dos avanços do Brasil: o País teve melhoras mais significativas na educação e na saúde que na ren­da média de sua população.

De 1990 a 2012, entre os 15 paí­ses que mais reduziram seu “défi­cit de IDH” (distância em rela­ção àpontuação máxima), apare­cem Brasil, Argélia e México, “apesar de sua renda per capita ter crescido, em média, apenas entre 1% e 2% ao ano”.

O desempenho econômico não tão forte desses países foi compensado, de acordo com o relatório, pela “primazia nos in­vestimentos estatais (…) em saú­de, educação e nutrição”.

No caso da educação no Brasil, os pesquisadores detectaram uma melhora “espetacular”. Citaram o fato de o País ter apresentado, en­tre 2000 e 2009, o terceiro maior “salto” de pontuação em matemá­tica nos testes do Pisa, programa internacional de avaliação do de­sempenho de estudantes.

Como deflagrador desse avan­ço, o relatório cita a criação do Fundef, em 1996, fundo que esta­beleceu um piso nacional de gas­tos por aluno e ampliou os inves­timentos em ensino nas regiões mais pobres do País.

Critérios. O Brasil também ga­nhou elogios por ter reduzido a desigualdade entre seus cida­dãos, graças “à criação de um pro­grama de redução da pobreza, à extensão da educação e ao au­mento do salário mínimo”.

O relatório destaca o fato de o Bolsa Família – “versão otimiza­da do Bolsa Escola”, programa criado em 2001, – ter alcançado mais de 97% de sua população-alvo em 2009. Como resultado, além da redução da pobreza, ob- servou-se um fenômeno de “empoderamento das mulheres”, já que elas têm prioridade no rece­bimento dos cartões magnéti­cos para a retirada do benefício.

Apesar de ter caído, a desigual­dade social do País permanece alta. Tanto que, em um cálculo que considera as diferenças de renda, educação e longevidade entre pobres e ricos, o País cai 11 posições no ranking mundial.

No cálculo do IDH do Brasil, o Pnud considerou que a expectati­va de vida ao nascer é de 73,8 anos. Os quesitos de educação foram 7,2 anos de escolaridade média na população de mais de 25 anos e 14,2 anos esperados de estudo para as crianças que in­gressam atualmente na escola. A renda média considerada foi de um poder de compra equivalen­te a US$ 10.152. / COLABORARAM JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO, AMANDA ROSSI e DIEGO RABATONE

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