SÃO PAULO – Quando as empresárias Nina e Claudia, discutiam, há três anos, a possibilidade de criar uma marca de roupas para ciclistas urbanos, a ideia não parecia ser lá muito boa. Mas a adesão crescente à bicicleta como meio de transporte em São Paulo abriu caminho para novos negócios. Assim, o lançamento da marca Velô, no mês passado, coincidiu com a ampliação das ciclovias na cidade, abrindo espaço para o negócio prosperar.
O novo cenário deixa otimista os empreendedores que já apostam nesse mercado. Não é para menos. Pesquisa divulgada na semana passada pelo Ibope comprova o interesse crescente pelas bicicletas. O número de pessoas que usam as ‘magrelas’ como meio de transporte cresceu 50% na comparação de 2013 com 2014, passando de 174,1 mil para 261 mil paulistanos.
“Fomos muito sortudas. Pensamos nisso há três anos e esse mercado não era tão quente. Apesar das brigas e dos questionamentos, é um movimento que não volta atrás. Não é uma modinha. É uma mudança de visão sobre o espaço público”, diz Nina, que também tem como sócia a estilista Camila Silveira.
As três sócias contam que investiram R$ 100 mil para lançar a primeira coleção e esperam, com a ação, retorno de R$ 250 mil. Por enquanto, as peças são vendidas apenas na internet, mas o planejamento prevê parcerias com lojas de bicicletas e também com academias.
A ideia da marca foi criar uma coleção com peças para o usuário pedalar na cidade, mas que não precisam ter “cara de ciclista”. Nina explica que as roupas são feitas com tecidos tecnológicos, com proteção UV, acabamento que impede a multiplicação de bactérias e têm elasticidade.
Elas também têm fitas refletivas e modelagem inteligente, que permite o movimento livre do corpo enquanto o ciclista pedala. A peça mais barata é uma tornozeleira de R$ 30, e a mais cara uma capa de chuva que sai por R$ 380.
Para a professora do curso de empreendedorismo e comunicação no universo da moda da Escola São Paulo, Lívia Salomoni, o desafio da Velô é levar essa causa não só para quem anda de bicicleta.
“Naturalmente, o uso da bicicleta será uma prática muito estimulada dentro da cidade e os negócios que estão relacionados ganham com isso, mas o desafio é não ficar restrito às pessoas que já andam de bicicleta. É preciso falar com o público que simpatiza com a causa buscando envolvê-lo em um movimento de educação no trânsito”, diz Lívia.
Fonte: Exame (com informações do jornal O Estado de S. Paulo)