O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif (PSD), que há dez meses acumula a Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, criticou a gestão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), seu ex-aliado político. Em entrevista ao Broadcast Político, o ministro fala que o eleitor de São Paulo está querendo mudanças, pois a atual gestão (Alckmin) tem visão de “varejinho”. Ele também afirma que este modelo de “distribuir dinheirinho para um, para ganhar eleição, já se esgotou”.
Na entrevista, Afif diz também que, mesmo se estivesse apenas no cargo de vice-governador, não poderia fazer muita coisa pelo Estado, porque estava subaproveitado e alijado do processo de administração no governo Alckmin. “Pelo menos no governo federal estou trabalhando, inclusive por São Paulo”, destacou. A seguir, os principais trechos da entrevista:
O PSD deve disputar o governo de São Paulo nessas eleições, com Gilberto Kassab, qual a sua expectativa?
Estamos otimistas, temos de colocar a nossa marca, o nosso DNA, que é o do empreendedorismo. Além disso, São Paulo está explodindo com uma série de problemas.
Quais problemas?
No setor de infraestrutura, por exemplo, depois de mais de 20 anos no poder (PSDB), temos apenas 74 quilômetros de linha de metrô nas regiões metropolitanas. Isso mostra que não houve planejamento nem visão de longo prazo.
O senhor acredita que há outros setores problemáticos São Paulo?
Veja o problema da falta de água no Sistema Cantareira, com os mais baixos índices de sua história. A questão é que a Sabesp sentou em cima do monopólio que ela tem. O governo já deveria ter aberto uma PPP para o investimento no setor, mas não fez. E, pior, agora não quer reconhecer que, por falta de investimento, vai faltar água para atender a demanda em função de um problema climático que era previsível. Por isso, agora, serão necessários planos de contingência para evitar esse vexame (o risco de faltar água na Copa do Mundo de Futebol no País).
Como criticar uma gestão da qual o senhor continua sendo o vice-governador?
Ser vice-governador é uma expectativa de poder, pois aqui (no governo de São Paulo) eu estava sendo subaproveitado, e eu não poderia fazer nada como um vice alijado do processo de administração.
E em Brasília, na função de ministro do governo Dilma Rousseff (PT)?
Pelo menos no governo federal não estou alijado, eu estou trabalhando, inclusive em favor de São Paulo.
O senhor se sente mais confortável atuando no Ministério?
Jamais vou trabalhar contra, sempre a favor, mas no governo (Alckmin) não estava conseguindo, inclusive propus bons projetos que não saíram da gaveta.
Quais projetos?
Hoje se fala na desativação do projeto cultural da cracolândia, o que lamento profundamente, porque já havia proposto transferir toda a administração pública do Estado para o bairro dos Campos Elísios, o que traria ganhos em todos os níveis para o governo, seus funcionários e para a região.
E por que não saiu do papel?
Foi um plano jogado na gaveta. Creio que não há interesse, não há visão estratégica. A visão do atual governo (Alckmin) é de “varejinho” e essa visão de “varejinho” já se esgotou. Aquele negócio de distribuir dinheirinho para um, para ganhar eleição, já se esgotou. Acredito que o eleitor de São Paulo está querendo outra coisa.
Entrevista à Agência Estado – Broadcast Político – 18 de março de 2014