2018: Um ano para empreender

22/12/2017
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A burocracia estatal foi apontada como o principal entrave ao empreendedorismo no Brasil. Prova disso, segundo Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae Nacional, é a diferença entre a taxa de mortalidade de novas empresas que optam pelo regime tributário do Simples Nacional e outros regimes.

De acordo com as contas de Afif, em 2009, cerca de 30% das novas empresas que optavam pelo Simples fechavam antes de 1 ano, enquanto que a mortalidade aplacava 64% das outras companhias. No ano passado, somente 16,7% das empresas optantes pelo Simples fecharam as portas no primeiro ano, enquanto que em outros regimes, a mortalidade foi de 62%.

Os números foram apresentados pelo presidente do Sebrae no debate realizado pela ISTOÉ DINHEIRO nesta sexta-feira, 15. Com o tema “Empreendedorismo: O poder das micro e pequenas empresas”, DINHEIRO reuniu, além de Afif, o economista-chefe da Associação Comercial do Estado de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, e o diretor de comunicação da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Jae Ho Lee.

Segundo Lee, no setor de franquias, a mortalidade é menor do que a média. Entre os fatores, está o regime Simples que pode ser adotado pelos franqueados e, claro, a lógica por trás do modelo de negócios, que entrega ao empreendedor um formato já testado e, em na maior parte das vezes, bem sucedido.

“A mortalidade em franquias é bem menor. O empreendedor que é solitário precisa fazer de tudo. Tem de ter vocação para operação, para administração, para liderança. Às vezes, ele possui apenas a vocação técnica, sem outros conhecimentos. No modelo de franquias, além da marca, há também os deveres e direitos de cada um, do franqueado e do franqueador. O empreendedor tem um parceiro comercial que desenvolve parte do trabalho para ele”, afirma Lee.

Solimeo, da ACESP, defendeu ações legislativas que podem ajudar o empreendedor, como a reforma Trabalhista, e o Refis, que na última semana foi estendido às pequenas e médias empresas optantes pelo Simples. Segundo ele, o empresário costuma privilegiar as contas relacionadas à sua atividade, como o salário de funcionários, as contas devidas a fornecedores e outros insumos como energia. No final da lista, está os impostos devidos ao governo. O problema, é que, caso o empresário não consiga dinheiro suficiente para quitar os débitos com a Receita, essa inadimplência, muitas vezes, pode o engolir.

“Se considerar a multa e os juros que correm depois de uma inadimplência, após algum tempo, a dívida fica impagável. Isso vai acumulando e vira uma bola de neve. Sem o Refis, o empresário não consegue pagar essa conta”, afirma Solimeo.

Quanto à reforma Trabalhista, o economista fez um paralelo com os Estados Unidos, um dos países mais liberais em relação a legislação do trabalho, e alertou sobre como o avanço tecnológico pode fazer ruir legislações restritivas.

“O que é atividade meio e atividade fim? Uma vez, o Tribunal Superior do Trabalho inventou essa diferenciação. A atividade fim de uma empresa é atender uma necessidade do mercado, não importa qual seja ela. Nos Estados Unidos, tudo é terceirizado. Além disso, com o avanço da tecnologia, como fazer essa diferenciação?”, afirmou.

CRÉDITO

O crédito escasso e caro foi outro ponto para o qual os presentes no debate chamaram a atenção. Segundo eles, esse é um fator limitador para o sucesso de um negócio, principalmente quando o empresário vive um período de vacas magras.

“Até o Banco Central tem vergonha ao dizer que o cartão de crédito é de 300% ao ano”, afirmou Afif. O presidente do Sebrae, no entanto, busca trazer uma solução para o micro e pequeno empresário. “Existe o projeto da Empresa Simples de Crédito, com o qual o cidadão pode emprestar o seu dinheiro para a atividade produtiva local. Ou seja, ao invés de ele colocar o dinheiro no banco para receber meio por cento ao mês, ele empresta diretamente a um empresário da sua cidade para receber entre 2% e 2,5% ao mês. E não venham me dizer que é agiotagem. Agiotagem é cartão de crédito”, declarou.

Lee, da ABF, afirma que a associação se preocupa em ajudar os franqueados a usar o crédito como instrumento de crescimento sem que depois isso se torne uma corda no pescoço. “Para o franqueado mais experiente, aquele que vai abrir sua 13ª loja, deixamos tomar mais crédito. Pois ele sabe exatamente o quanto precisa, para o que precisa do dinheiro e vai lidar melhor com isso. Mas, quando é a primeira loja de um novo franqueado, permitimos um crédito menor. Dentro desse contexto que estamos vivendo, as franqueadoras estão mais cautelosas”, diz.

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