‘Só faz gol quem está na área’, diz Guilherme Afif
14-06-2018Por mais que as pesquisas falem do desânimo do brasileiro, da desmotivação com a política, com a economia e mesmo com o futebol, apesar de ser ano de Copa do Mundo, nosso povo é conhecido pela resiliência e pela capacidade de sobreviver às crises.
Qual país enfrentou tantos altos e baixos, tantos planos econômicos, rupturas políticas de todas as ordens e ainda é uma das maiores economias e democracias do mundo? Qual país, com tantos títulos no futebol mundial, perde uma Copa em casa de goleada – sem falar na famigerada derrota de 1950 no Maracanã pro Uruguai — e ainda é um dos favoritos ao título deste ano? São coisas difíceis pra um cidadão comum explicar, mas estão aí, diante de nós, os fatos a nos desafiar.
A última pesquisa disponível revela, pela primeira vez, uma certa indiferença do brasileiro em relação a uma Copa do Mundo. Este sentimento começou a se evidenciar lá atrás pelo vexame mundial do 7 a 1 contra a Alemanha, revelando que nossa paixão não era correspondida. Devemos refletir profundamente sobre o que está acontecendo com o imaginário nacional.
A frustração do nosso povo com o futebol tem também outras causas recentes, que a todo momento são lembradas pelos recentes escândalos: estádios superfaturados, obras para a Copa e para as Olimpíadas incompletas, paralisadas ou que não aconteceram e desvios de toda ordem.
A Lava Jato demonstrou que tudo tinha conexão com o jeito ultrapassado de se fazer política. O erário público foi assaltado sem pudor e a população não recebeu a contrapartida dos investimentos. A qualidade de vida do brasileiro ficou estagnada, apesar dos gastos exorbitantes com os grandes eventos.
Houve sim manipulação política da Copa da Mundo e das Olimpíadas para atender interesses escusos e mesquinhos que acabaram sendo revelados por escândalos com repercussão internacional. O resultado está aí. O Presidente que conseguiu trazer os dois eventos pro país está na cadeia. O então chefe da CBF, José Maria Marin, está preso nos EUA. Os dirigentes da mesma entidade banidos do futebol. O Governador da sede dos jogos igualmente encarcerado.
Tudo isso causou um forte impacto junto à população em geral e abriu feridas ainda não curadas. Nas ruas, as pessoas estão desconfiadas, têm medo de ser engolidas pela manipulação do que lhe foi apresentado como “legado”, em grande parte fabricado por propagandas enganosas, que acabaram por acobertar, em nome da paixão pelo futebol e pelo esporte, as verdadeiras mazelas nacionais.
Não é de se estranhar que o povo esteja reticente com o futebol e também com a política. A manipulação da opinião pública pela publicidade enganosa, para conquistar votos e vender candidatos, deixou muita gente ressabiada, quando as investigações dos escândalos provocaram um choque de realidade.
Por trás dos grandes eventos, a propaganda sem pudor de vários produtos, como a da cerveja, que usa técnicas subliminares para cooptar jovens e adolescentes.
Quem pensa em ganhar eleições apenas com articulações e conchavos políticos pode repensar sua estratégia. As pesquisas ainda não conseguiram captar os verdadeiros sentimentos dos brasileiros e vão errar feio. A prática da velha política não encontra mais lugar num mundo em que as redes sociais e as mídias eletrônicas dão voz a frustrações e articulam movimentos que paralisam o país. O Estado arcaico parece ter perdido a noção de como lidar com este fenômeno e tem dificuldade de se adaptar aos novos tempos.
Neste ano específico, vivemos uma situação inusitada. Ao contrário da Copa do Mundo da Rússia, que possui favoritos claros, as eleições de 2018 acontecem num cenário absolutamente imprevisível, a menos de quatro meses do pleito.
Segundo as pesquisas, o líder na disputa é um ex-presidente com alta popularidade, preso há dois meses, que pode não ser candidato por ter sido condenado em 2ª Instância. Aliás, as tais pesquisas agora começam a ser olhadas com desconfiança por serem também encomendadas pelo tal “mercado” – com todos os seus interesses, que provavelmente não são os mesmos do país.
Já, no futebol, o Brasil se reergueu com Tite e fez uma pré-campanha impecável. Com 21 jogos pelo Brasil, ele é o comandante com melhor aproveitamento das últimas cinco Copas do Mundo. São 17 vitórias, 3 empates e apenas uma derrota – um aproveitamento de 82%.
Neymar disse, em entrevista recente, que “sonhar não é proibido”. E é nesta expressão de otimismo que gostaria de fazer um paralelo entre o momento da política nacional e o momento do futebol brasileiro. Aliás, sou um otimista por vocação e devo dizer que quem tem medo de tomar gol não deve entrar em campo. E só faz gol quem está na área.
O que resta ao Brasil se não apostar que a bola pode cair em seu colo? Vivemos nos dois campos, no do futebol e no da política, momentos decisivos. É o eleitor que terá de colocar a mão na sua própria consciência e escolher, com sua sabedoria, quem vai governar o país pelos próximos quatro ou oito anos. É o torcedor, com a força da sua garra, que pode empurrar a seleção brasileira para um título capaz de resgatar a autoestima nacional.
Fonte: Poder 360
Afif se lança hoje à Presidência da República
06-06-2018O ex-ministro Guilherme Afif Domingos, 74, se licencia hoje da presidência do Sebrae nacional para dar um salto no escuro e se lançar à Presidência da República pelo PSD.
O próximo passo é disputar a convenção nacional do partido, no final de julho. Como não há um opositor, Afif terá de enfrentar no voto a tese de aliança com o PSDB, em favor da candidatura Geraldo Alckmin.
Essa tese é defendida pelo presidente nacional do PSD, ministro Gilberto Kassab, cuja estratégia para outubro é liberar as seções estaduais para fazer acordos que garantam principalmente o fortalecimento das bancadas do partido no Congresso Nacional.
Assim, o PSD integra as mesmas coligação do PSDB para os governos de São Paulo e Minas e as mesmas do PT para os governos do Ceará e da Bahia.
Ex-ministro de Micro e Prque as Empresas do Governo Dilma Roussef, Afif já disputou a Presidência da República em 1989, pelo então PL, com o mote “Juntos chegaremos lá”. Ele, porém, desdenha a atual articulação de sete partidos, inclusive o PSD, para o lançamento de um candidato único de centro.
Fazem parte do movimento, anunciado oficialmente na terça-feira, PSDB, PPS, MDB, DEM, PV e PTB, além do PSD. Para Afif, a articulação “já nasceu morta” e o que importa na eleição “é conquistar o voto, o eleitor”.
Fonte: Eliane Cantanhêde, Estadão
Afif: Movimentações sociais devem ser canalizadas em plebiscito para constituinte exclusiva
29-05-2018O sétimo dia consecutivo da greve dos caminhoneiros alterou a rotina de diversos setores da sociedade. No Rio de Janeiro, por exemplo, encontrar um ônibus no domingo se tornou uma tarefa árdua. O carioca que tentou aproveitar o fim de semana com seu veículo particular também enfrentou dificuldades.
Em discurso durante abertura do Fórum Mitos e Fatos, organizado pela Jovem Pan, o presidente nacional do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, afirmou que a paralisação pode ajudar a criar uma chance de transformação na sociedade.
Afif lembra o movimento de 2013, quando a população foi às ruas por causa do aumento das passagens de ônibus. “Esse movimento em função do combustível pode se transformar em outra movimentação de proporções nacionais”, diz. Para o presidente do Sebrae, em 2013 o povo foi pra rua de forma espontânea, sem nenhuma mobilização por força política de fundo. “O denominador comum foi: vocês não nos representam. Ali havia uma clara ruptura entra população e Estado”
Na visão de Afif, muitos fatores ajudam a criar esse mau humor povo brasileiro. “Nós temos 13 milhões de desempregados, que acabam influenciado no processo de otimismo das pessoas”, diz.
Afif defende urgentemente a realização de reformas em todos os âmbitos: político, econômico e tributário. “Se não dermos uma mexida urgente, com reformas profundas, não vamos sair do lugar”, diz.
Porém, antes de fazer qualquer reforma, o presidente o Sebrae acredita que o melhor caminho é ouvir a população. Ele é a favor de uma assembleia constituinte exclusiva, que deve ser precedida de um plebiscito. “Dessa forma poderemos canalizar a revolta da população numa proposta objetiva”, explica. “Essa mobilização será para votar a nova fórmula de representação. Essa é a base que nós teremos para poder construir todas as outras reformas em cima”.
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Fonte: Portal Jovem Pan
Indignação é a grande mola propulsora de toda mudança, diz Guilherme Afif
25-05-2018Os números da Operação Lava Jato são assombrosos. Segundo o Ministério Público Federal, é o maior escândalos financeiro e político já registrado no País. Maior que casos como o dos Anões do Orçamento, que os Fundos de Pensão, que os Vampiros da Saúde, que Zelotes, que Banestado ou Mensalão, só pra citar alguns exemplos.
Mas, em meio a tamanho gigantismo, um fato tem chamado a atenção. Não há registro de manifestações expressivas da população, desde 2013, quando se iniciou o movimento que acabou derrubando o governo passado e pode fazer o mesmo com o atual.
Em suma, não há povo na rua. E como explicar a ausência de grandes movimentos populares, apesar deste megaescândalo que chamou a atenção, também, do mundo?
Existe na filosofia um conceito que pode ajudar a entender este fenômeno. É o que se chama de “Normose”. Sua definição foi cunhada quase que simultaneamente pelo psicólogo e antropólogo brasileiro Roberto Crema e pelo filósofo, psicólogo e teólogo francês Jean-Ives Leloup, na década de 1980.
Eles vinham trabalhando o tema separadamente até que um terceiro psicólogo, o francês Pierre Weil, se deu conta da coincidência. Perplexo, Weil conectou os dois e os três juntos organizaram um simpósio sobre o tema em Brasília, uma década atrás. Do encontro, nasceu uma parceria e o livro “Normose: A patologia da normalidade”.
Por analogia, alguns estudiosos consideram a democracia um agente de propagação de normoses.
Carl Jung dizia que ser normal é a meta dos fracassados. Mas será que existe alguém batendo à nossa porta, exigindo que você tenha um determinado comportamento ou seja assim ou assado? Ou quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha presença através de modelos de comportamento amplamente divulgados?
No caso do Brasil, a normose pode estar travando uma evolução dos acontecimentos e impedindo que uma sociedade atônita seja a mola propulsora da mudança. Vou tentar traduzir melhor.
Como a Lava-jato já tem mais de 4 anos, faz tempo que deveríamos estar pensando, debatendo e promovendo uma saída para tamanha crise institucional, política e social. Se a causa de tal problema é o sistema político-partidário, o que colocaremos no lugar dele, se este se encontra completamente falido, desacreditado, ultrapassado?
O fato é que quase ninguém está cuidando disso. Talvez a resposta esteja neste torpor causado pela normose. Nas ruas, volta e meia ouço uma frase costumeira: “ah… sempre foi assim!“, ou “não adianta fazer nada!”, e pior “não vai dar em nada!”. Então, qual a saída?
Ela pode estar em outro neologismo: a “Desnormotização”. Segundo Crema, “...quando temos necessidade de, a todo custo, ser como os outros, não escutamos nossa própria vocação”. A cura da normose é trabalho individual, mas alguns esforços sociais podem ajudar.
Para começar, temos de pensar em alternativas aos atuais modelos, como o educacional. Algo similar parece estar acontecendo no mundo empresarial, onde os empreendimentos estão levando em conta a liberdade individual.
O caso clássico, sempre citado, é o do Google, cuja sede, na Califórnia, conta com salas de jogos, espaços ao ar livre e tempo reservado para que cada funcionário desenvolva seus próprios projetos para a empresa, com total autonomia.
Nós temos que resolver, inclusive, a questão do analfabetismo político que, segundo Bertold Brecht, é o pior analfabeto que existe. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, do remédio, e ressaltaria dos combustíveis, dependem das decisões políticas. Mas é capaz de atrasar a História.
O tema é tão polêmico e complexo que já há especialistas achando que a normose não é um mal, mas uma característica humana. Apesar disso tudo, não podemos deixar que o modo normótico predomine. Afinal, a indignação é a grande mola propulsora de toda mudança.
Afif Domingos passa pela sabatina da CNM na XXI Marcha
24-05-2018O segundo candidato sabatinado nesta quarta-feira, 23 de maio, pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), parte da programação da XXI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, foi o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Guilherme Afif Domingos.
O candidato apresentou um vídeo com sua proposta de governo nos minutos iniciais que tinha para explanar um assunto em geral. No vídeo, ele destaca suas principais ideias e faz algumas promessas de governo. Afif optou por apresentar o vídeo ao invés de utilizar os cinco minutos que tinha pra falar.
“Eu gostaria de apresentar minha linha de pensamento, que não é de hoje, tem mais de 30 anos, exatamente para poder organizar o nosso raciocínio para que a gente possa na sequência ter um debate bastante objetivo”, explicou. Após a exibição do vídeo, o pré-candidato respondeu as mesmas perguntas que os demais participantes.
1. O senhor assume o compromisso de receber pessoalmente a CNM em reuniões trimestrais para pactuar uma agenda de trabalho entre o Governo Federal e os Municípios?
“O grande problema do Brasil hoje é a desconecção entre nação e Estado. Sou um defensor literal do voto distrital para que a representação esteja conectada com a base, conectada com o Município. Assim, a gente consegue trazer a politica para muito mais próximo de onde está o cidadão. A mudança do sistema de representação vai fazer que a própria CNM esteja envolvida nesse processo de retornar com o poder para a base. Conte conosco, eu estou absolutamente junto de vocês nessa luta”.
2. A carga tributária brasileira, em 2017, fechou em 32,4% do PIB, mas apenas 21% do bolo arrecadado, ou seja, 6,8% do PIB, chega às cidades, o que é insuficiente para custear as políticas públicas municipais. Que ações concretas o seu Governo pretende tomar para alterar essa distorção?
“Primeiro, nós temos que ir diretamente ao ponto. Se não houver uma reforma federativa, não adianta uma reforma tributária. Portanto, eu vou dizer o conceito da reforma federativa que pode ser chamada de reforma fiscal. Tudo que o Município puder fazer melhor, que nem o Estado nem a União o faça. Tudo que o Estado puder fazer melhor, que nem o Município nem a União o faça. E tudo que o União puder fazer de melhor que nem o Estado nem o Município o faça. E por fim, tudo que o cidadão e a sociedade organizada puderem fazer de melhor que eles o façam. E por favor, não atrapalhe quem o faça. Libere a força da produção é ela que é geradora de emprego e renda. Não existe politica social que traga algum resultado se ela não for geradora de emprego e de renda”.
3. Como seu governo pretende atuar nessas áreas de gestão de forma a evitar que todos os problemas recaiam sobre os Municípios e seus gestores?
“A politica de saúde tem que ser organizada territorialmente, para que possa ser dado um atendimento nas instâncias onde ele mora. Temos que ser regionalizados, os Municípios com melhor estrutura tem que ajudar os Municípios menores dentro da mesma área geográfica. Não existe governo ruim para povo organizado. A sociedade quer saúde. O povo quer um estado forte para atendê-lo na educação, na saúde, na justiça e na segurança. A saúde é o princípio mais sério, pois é muito duro ver gente não sendo atendida e morrendo com falta de atendimento, com falta de remédio. Isso não é justiça social de forma nenhuma. Portanto, esse trabalho da organização territorial é fundamental. Tem que ser tripartite, tem que estar o Estado junto, o Município organizado na base, o Estado suprindo o processo e a União entrando com a injeção dos recursos necessários per capta, pra poder atender o cidadão”.
4. O seu governo pretende priorizar a educação básica, construindo um novo mecanismo de financiamento que atenda às crescentes demandas municipais?
“Ali no Município está o ensino fundamental, que é composto do nosso tempo que era o segundo grau, que o Município responde. E junto com a saúde, essa é a outra prioridade da igualdade de oportunidade. E esse negócio de creche cresceu muito em função da necessidade das mães trabalharem. Então a demanda por creche é muito alta. E hoje eu estou vendo um movimento muito interessante e aqui estou vendo uma grande representação das mulheres. Elas estão fazendo uma opção empreendedora para poder trabalhar em casa, cuidar da criança, e ganhar um dinheiro. Mas a demanda por creche socialmente é importante, pois é o cuidado desta criança. Acredito que a longo prazo essa demanda deve diminuir em razão da população estar nascendo menos e envelhecendo mais”.
5. Qual a política do seu governo para apoiar os Municípios no processo de encerrar os lixões no Brasil?
“Esse é o ponto da saúde mais crítico, que é a prevenção da saúde. É a parte do esgoto, do saneamento juntamente com lixo. Isso tem que ser resolvido com PPPs [Parcerias Públicas Privadas] nós temos que chamar as iniciativas privadas pra fazer parceria. Só que a iniciativa privada quer uma garantia que o Município não tem condições de prestar e qual é a saída? É criar um fundo garantidor nacional para que a União dê a garantia do projeto de saneamento ou o projeto de lixo do Município ou da região. E como é que a União faz esse fundo? É muito simples. Ela precisa ter patrimônio. Pega todos os imóveis da União e coloca nesse fundo pra ser garantidor da vida nos Municípios. No mundo tem dinheiro, mas o Brasil precisa abrir espaço para o mundo. Por isso gente eu não tenho dúvidas de que saneamento, através das PPPs com recursos universais que estão no mundo todo, seria uma grande prioridade”.
Após responder as cinco perguntas propostas, o pré-candidato teve mais cinco minutos para finalizar seus pleitos. “Eu queria dizer para vocês que eu tenho orgulho de ser politico e vocês também devem ter. Temos que mudar o sistema, nós temos que fazer profunda alteração no sistema político. Nós, sociedade, vamos mudar, é isso que a sociedade clama. Eu defendo sim o voto distrital”, finalizou.
Afif Domingos
Em 1980, Guilherme Afif Domingos tomou posse como secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Criou os varejões, mercadões e sacolões que até hoje abastecem o Estado. Foi o candidato do PL à presidência nas eleições de 1989, tendo sido o sexto colocado com mais de 3,2 milhões de votos. Ainda pelo Partido Liberal, foi candidato a senador em 1990. Em meados da década de 1990, saiu do PL e ingressou no Partido da Frente Liberal. Em 1998, tomou posse como secretário municipal do Planejamento da cidade de São Paulo. De 2007 até o início de 2010, foi o secretário de Emprego e Relações do Trabalho do estado de São Paulo. Em junho de 2010, foi eleito vice-governador de São Paulo. Em 2013, ocupou o cargo de ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República. Em 2015, a Secretaria da Micro e Pequena Empresa foi extinta e suas atribuições foram incorporadas à Secretaria de Governo da Presidência da República. Com a perda do status de ministro, Afif voltou à presidência do Sebrae, que integra o Sistema S, cargo que ocupa desde 6 de outubro de 2015.
Fonte: CNM
Microempresas garantem o emprego
21-05-2018Nos últimos 10 anos, as micros e pequenas empresas geraram mais de 11 milhões de novos empregos. Na contramão dessa eficiência, os médios e grandes empreendimentos desempregaram 1,4 milhão de pessoas. A afirmação, com base em pesquisa recente do Ibope, foi feita pelo presidente do Sebrae Nacional, Guilherme AfifDomingos, em entrevista exclusiva a O LIBERAL, na quarta-feira, 16, em que esteve em Belém para a cerimônia de abertura da 9a Feira do Empreendedor, encerrada neste sábado, no Hangar.
Para Afif Domingos, as microempresas carregam o Brasil nas costas. “Por quê? Porque as médias e grande investem em tecnologia e substituem a mão de obra. Já os pequenos dependem de mão de obra e fazem parte do que chamamos de economia social, que é geradora de emprego e renda”. Para ele, não existe política social eficaz se ela não gera emprego e renda. “Agora, é preciso entender que essa economia social se defronta com a economia fiscal, comandada pelo sistema financeiro, que só olha para aqueles que ganham dinheiro com dinheiro e não dinheiro com trabalho”, acrescentou.
Há 30 anos militando nas políticas públicas ligadas aos pequenos empreendimentos, AfifDomingos foi quem instituiu, como constituinte, o artigo 179, que obriga a um tratamento tributário diferenciado aos pequenos, hoje traduzido no Simples e na legislação complementar conquistada a duras penas nos últimos 30 anos.
Ainda que o cenário seja de uma inflação comportada, Afif Domingos não se anima coma expectativa de queda de juros. Ele observa que os juros nunca caem para os micros. “Cai a taxa básica (Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic), mas as taxas de empréstimo não caem porque nós temos a maior concentração bancária do mundo, temos 85% do sistema financeiro concentrado nas mãos de cinco bancos: três privados e dois públicos. Portanto, concentrou de mais, esse é o maior fator de concentração de renda, porque capta de todos, mas na hora de emprestar é só para alguns”, disse.
“Os micros e pequenos geram empregos e não veem a cor do dinheiro do crédito, 85% do universo das pequenas não tiveram acesso a crédito”, completou o presidente nacional do Sebrae, que defende maior proteção para a atividade dos pequenos contra a avalanche burocrática das políticas fiscal, monetária e tributária brasileira. “Criou-se um manicômio tributário que é impossível de se seguir, se o pequeno sai do Simples e cai no Complicado, morre, não cresce. Hoje, a política fiscal e tributária é comandada pelos nossos extermina-dores do futuro, ou seja, eles querem arrancar a fruta antes de a árvore crescer. Nós temos de mudar profundamente esses conceitos. E esse movimento dos batalhadores, que são os pequenos, é um movimento que vai dar uma nova visão de Brasil”, afirma.
Ele também se orgulha de ter inserido no texto constitucional o tratamento diferenciado aos pequenos em todos os campos: tributário, creditício, previdenciário, administrativo e trabalhista. E ainda hoje, após a reforma trabalhista, vê diferenças gritantes entre o empregado da grande e os das pequenas. O da grande, diz Afif, tem relações absolutamente formais e impessoais com o empregador, por isso, a necessidade de regras, sindicatos, representação.
“O pequeno não, o empregado do pequeno está ombro a ombro com o patrão o dia inteiro, a relação é outra. Temos de ter uma política distinta para quem gera a grande massa empregadora de maneira menos dolorosa e burocrática. A recente reforma trabalhista deu um passo importante, mas ainda não traz esse tratamento diferenciativo”, ressaltou.
Sobre exemplos do que deve ser ainda alterado no campo trabalhista, ele, em primeiro lugar, defende o conceito do salário/hora trabalhada. “Que se possa contratar dentro dos limites de 8 horas, é lógico, e o trabalhador possa escolher e até distribuir melhor o seu tempo, com o empregador pagan-do-o por hora trabalhada. Nos Estados Unidos não há salário mínimo, é hora trabalhada, o que dá uma maleabilidade melhor, oom garantia dos direitos, claro. Você tem décimo terceiro, férias e todos os outros direitos proporcionais, mas a forma de contratação tem de ser muito mais simplificada”.
Questionado sobre a crítica ao regime de hora/trabalhada como fator de redução de remunerações abaixo do valor do salário mínimo, Domingos não vê risco desse regime encolher as remunerações e gerar insatisfação generalizada entre a massa de trabalhadores. “Não, isso eleva o salário, permite que o trabalhador negocie a hora dele, e como essa negociação vai ampliar o mercado de trabalho, será favorável ao trabalhador. Salário é oferta e procura. Quando tem muita gente procurando emprego o salário cai. Quando tem muita gente ofertando emprego o salário sobe. O salário também é em função de uma realidade de mercado, e o mercado que cresce é bom para a empresa e muito bom para o trabalhador”, disse o presidente do Sebrae.
Nesse formato, na concepção de Domingos, surge um mercado oportuno para os brasileiros com mais de 60 anos já aposentados. “Nós defendemos o projeto que já está pronto, que é o Regime Especial para o Trabalhador Aposentado (Reta). Tem várias atividades em que as pessoas mais velhas podem se encaixar e oom isso você vai acomodando o mercado, porque não dá certo aplicar as mesmas condições para o empregado da Petrobras e o pequeno”, afirmou. Atualmente, estima-se que 1,8 milhão de idosos entrem no mercado de trabalho nos próximos dez anos.
Fonte: O Liberal (Pará)
‘A grande reforma é política’, diz Guilherme Afif Domingos
14-05-2018Aos 75 anos, Guilherme Afif Domingos é candidato a presidente da República pela segunda vez. Já havia disputado a eleição de 1989, a primeira após a redemocratização do país. Sempre ligado à causa das pequenas e médias empresas, foi deputado constituinte e por duas vezes presidiu a Associação Comercial de São Paulo e o Sebrae, que comanda hoje.
Na série de entrevistas do JB com os presidenciáveis, o candidato do PSD faz críticas à reforma trabalhista e propõe reformas política e fiscal radicais para redefinir o papel do Estado. “Eu defendo a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para fazer a reforma política, com introdução do voto distrital”, diz Guilherme Afif.
O ex-ministro Kassab tem conversado com o ex-governador Geraldo Alckmin (pré candidato do PSDB). O que se diz é que seria uma tentativa de ser vice na chapa de Alckmin. Qual é sua opinião?
Não poderia porque os dois são do mesmo estado. Outro ponto: a aproximação foi para resolver o palanque de São Paulo e em Minas. Agora, isso não significa que está amarrado em um acordo nacional. Não está amarrado. Até porque existe uma convenção. É nessa convenção que vai se decidir o futuro. Ou o partido decide que vai escolher apoiar alguém de fora do partido ou embarca na candidatura própria.
O senhor já tem preparado o seu programa de governo?
Eu tenho uma vida. Tenho uma vida dedicada a uma bandeira, a bandeira democracia econômica sem a qual a democracia política não subsiste. E essa democracia econômica é aquela que busca a geração de emprego e renda como objetivo social. Não existe política publica eficaz, se ela não for geradora de emprego e renda. E o universo que mais gera emprego e renda é o universo da pequena empresa com a qual estou identificado, como a bandeira da minha vida.
Nesse sentido, sua experiência como presidente do Sebrae também ajuda?
Tenho uma vida dedicada a essa bandeira. Sou o criador da legislação que dá tratamento diferenciado para pequenas empresas. Fui constituinte e fui autor do artigo 169. Aliás, Me elegi exatamente com essa bandeira.
Essa seria a sua principal bandeira de campanha?
Sim, porque esses são os autênticos batalhadores brasileiros. Se você olhar hoje, são 27 milhões de pessoas na formalidade ou na informalidade que trabalham por conta própria. E abrem caminho do seu futuro trabalhando. É a turma que ganha dinheiro com trabalho. Não ganham dinheiro só com dinheiro. E hoje são 48 milhões de pessoas. Os batalhadores são os empreendedores e quem trabalha com eles, aqueles que estão trabalhando por conta própria, na formalidade e na informalidade.
O que prevê o seu programa para a área social?
O fundamental é você restabelecer o papel do Estado. A primeira reforma, a grande reforma, que tem de ser feita é a reforma do sistema político. E defendo a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para fazer a reforma política, com introdução do voto distrital, para restabelecer o pacto entre representantes e representados, pois no Brasil hoje há um rompimento. Esse é um ponto. O segundo ponto é você fazer a reforma fiscal, através da descentralização do poder.
Como assim?
Deve prevalecer o princípio da subsidiariedade dos poderes. Por exemplo, o que o município puder fazer melhor, que o estado não faça e nem a União.
A arrecadação também seria descentralizada?
Primeiro, tem de definir os papéis. Arrecadação é consequência. Quem faz o que. Dentro desse princípio, o estado não faz o que o município puder fazer melhor, nem a União. Tudo que os estados fizerem melhor, que nem o município e nem a União façam. E o que o cidadão fizer melhor que nem a União, nem estados e municípios façam, nem atrapalhem quem queira fazer. A partir daí define-se a missão do Estado, O povo quer um Estado forte na Educação, na Saúde, na Justiça e na Segurança.
O senhor ainda defende uma ampla reforma tributária?
A reforma tributária precisa de um sistema universalizado para recolhimento dos tributos. Toda parte tributária precisa ser digitalizada, como no Simples. Tem de calibrar melhor também. Sobre a renda, temos de calibrar para que os recursos não saiam daqui. O excesso de tributação espanta recursos. Sobre consumo, a tributação não pode ser regressiva: hoje, mais pobres pagam mais do que os ricos.
Qual é sua opinião sobre a reforma da Previdência?
O Brasil aboliu a monarquia, mas a Corte continuou com seus privilégios. Então, você tem membros da Corte que são privilegiados no sistema. Como no Brasil o Estado nasceu antes da nação, hoje a nação precisa dizer para o Estado o que ele tem de fazer. O princípio de aposentadorias desiguais é de uma injustiça injustificável.
E sua posição sobre a reforma trabalhista?
Houve um avanço, mas não é suficiente, porque 98% do universo empresarial é de pequenas empresas. As relações dessas com seus trabalhadores é diferente da entre as grandes corporações e os trabalhadores. Nas relações das grandes, é preciso ter normas, disciplina, porque ela é impessoal, e o grande não pode esmagar os menores, nesse caso os trabalhadores.
Fonte: Jornal do Brasil
Afif Domingos diz que Santa Catarina é modelo para o país
11-05-2018“Santa Catarina é o exemplo prático de tudo o que eu prego”, disse Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae Nacional, durante passagem por Florianópolis nesta sexta-feira (11). Na Capital para realizar palestra, Afif Domingos disse que o Estado é um modelo para o país por sustentar sua economia em pequenos e médios negócios. Durante o encontro, ele ainda reafirmou a pré-candidatura à presidência pelo PSD.
“Os pequenos carregam o país nas costas”, afirmou. A defesa de micro e pequenas empresas é uma bandeira que o político carrega há muitos anos, mas que tem esbarrado em “uma visão distorcida de desenvolvimento econômico”, diz. Segundo ele, os privilégios dados aos grandes vão na contramão do que o Brasil precisa.
Um dos exemplos desta distorção é o Refis, programa de refinanciamento de dívidas das empresas. Para Afif Domingos, houve má vontade política ao fazer o Refis das micro e pequenas empresas, o que não houve no caso das grandes. A proposta foi vetada pelo presidente Michel Temer em janeiro, mas o Congresso derrubou o veto. Segundo o Sebrae, as dívidas de 600 mil empresas cadastradas no Simples Nacional é de R$ 21 bilhões.
Por outro lado, ele afirma que Santa Catarina é destaque em democracia econômica. Isto porque a economia do Estado é formada por pequenos comércios, pequenas indústrias e pequenas propriedades rurais. Para ele, sem essa democracia econômica, não há como promover democracia política.
Mesmo com diversas políticas públicas que dificultam o desenvolvimento do pequeno empreendedor, o setor mostra números importantes. Segundo o Sebrae, nos últimos 10 anos, as micro e pequenas empresas obtiveram um saldo de geração de empregos positivo de mais de 11 milhões de vagas, contra um saldo negativo nas grandes empresas de 1,4 milhão.
Para Afif Domingos, a população reconhece que as micro e pequenas empresas têm um papel fundamental na economia, “falta só avisar lá em cima”, diz. Ele acredita que um dos principais fatores a serem enfrentados é a concentração do crédito. Hoje, mais de 80% do mercado financeiro é controlado por cinco bancos.
“A globalização não chegou aos pequenos”, explica. Ele diz que as barreiras burocráticas hoje são muito mais problemáticas do que as barreiras físicas, e que isso dificulta, principalmente, o acesso de micro e pequenas empresas no mercado internacional. Afif Domingos ainda critica a concentração de mídia e recursos e defende a pulverização das decisões. “É muito Brasília e pouco Brasil”, conclui.
Candidatura
Afif Domingos disse que vai se reunir com correligionários do PSD de Santa Catarina para discutir estratégias para as eleições de outubro. Segundo ele, seu nome está à disposição do partido, mas a definição só ocorrerá nas prévias internas do PSD, em julho ou agosto. “Sou candidato a candidato”, diz.
Ele não descarta a possibilidade de formar chapa com outro nome na cabeça. Segundo Afif Domingos, lideranças do partido manifestaram desejo de compor unidade com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Afif defende plebiscito para reforma política
10-05-2018Presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e pré-candidato à Presidência da República Guilherme Afif Domingos (PSD) defendeu nesta terça-feira (8) um plebiscito para fazer a reforma política.
“Sou a favor de uma ideia radical, da convocação de um plebiscito para fazer a reforma política e instituir o voto distrital”, disse durante a 73ª Reunião Geral da FNP (Frente Nacional de Prefeitos).
Segundo o empresário, há na população um forte desencanto com a política. Para ele, isso abala a esperança em uma possível recuperação, percepção que poderia ser modificada com o plebiscito. “Os cidadãos mostram-se exaustos, machucados e pouco confiantes em algum cenário positivo a médio e curto prazo”, afirma. “Há uma consciência geral de que a classe política é responsável pela atual má situação do país.”
Afif também defendeu o foco nos “batalhadores”, empreendedores tanto formais quanto informais. “Temos que prestar muita atenção na força dos batalhadores nesse processo, são eles que são capazes de mudar o país.”
Para ele, é fundamental o apoio às micro e pequenos empresas que, segundo ele, são responsáveis pela maior parte da geração de novos empregos no país.
“O grande hoje desemprega”, afirmou. “Quem está segurando agora toda a geração de emprego no país são os pequeno empreendedores. Mas as nossas políticas não olham para isso. Estamos dominados pela banca. Tem uma especialização em fazer fortuna dentro do mercado financeiro.”
Ex-ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa do governo Dilma Rousseff (PT), Afif já participou de outra eleição presidencial, a de 1989. À época, ficou em sexto lugar com o bordão “Juntos chegaremos lá”.
Confio no meu taco, diz Afif
Afif ainda não tem o apoio formal de seu partido, o PSD, que ajudou a fundar ao lado de Gilberto Kassab. Por enquanto, o PSD sinaliza que deve apoiar a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB).
Ele minimizou o fato de ainda não ter o apoio formal de seu partido. “Apoio à candidatura é na convenção. Aí o partido vai ter que decidir se apoia um candidato fora do partido ou dentro da sigla. A convenção é soberana”, afirmou. Segundo ele, é tudo uma questão de quem se mostra competitivo conforme a eleição vai se aproximando. “Todas as vezes que eu entrei, eu acabei sendo bastante competitivo. Eu confio no meu taco.”
Afif também lamentou a saída do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa da corrida presidencial. “Não cheguei a vê-lo entrar [na corrida presidencial], mas empobrece a disputa. É uma pessoa importante nesse processo.”
O encontro com os pré-candidatos à Presidência é parte da 73ª Reunião Geral da FNP e reúne prefeitos, vice-prefeitos, parlamentares federais, estaduais e municipais, além de secretários municipais, diretores e servidores públicos.
Além de Afif, participam Manuela D’Ávila (PCdoB), Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Maia (DEM), Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL), Aldo Rebelo (SD), Paulo Rabello (PSC) e Henrique Meirelles (MDB).
De acordo com a FNP, foram convidados para participar do evento os pré-candidatos filiados a partidos com pelo menos cinco congressistas. O PT também estava entre os partidos convidados a participar do encontro. A legenda mantém como seu pré-candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o dia 7 de abril por determinação do juiz federal Sérgio Moro, que o condenou pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).
Fonte: UOL
É preciso reconectar representantes e representados
25-04-2018PORQUE DEFENDO OS BATALHADORES
Muitas são as qualidades e os pré-requisitos para que alguém queira ser candidato à Presidência da República. Certamente, o cargo público mais relevante no Brasil, e em muitos países com tradições presidencialistas, deve atender muitas exigências. Além das legais, é preciso que o postulante esteja conectado com o que pensa a população. Em outras palavras, é preciso “ouvir as ruas”.
Os anseios do eleitor mudam ao sabor dos tempos, mas dá para, empiricamente, elencar algumas impressões. Apesar das mudanças sociais recentes, o apego à família é um sentimento em comum a todos os segmentos de público. É onde estão depositadas as expectativas e para onde se direcionam os desejos de realização. Entre os mais maduros, a família é o eixo fundamental e, entre os mais jovens, a família compartilha com amizades os principais motivos de satisfação. Este é um dos principais valores que prezo.
E isso é importante para um candidato? Certamente. Resguardar os valores da família brasileira, sem deixar de acompanhar as mudanças e evoluções sociais, é essencial. Este é um ponto de equilíbrio. Levar em conta a tradição, sem deixar de estar atento às novas liberdades que estão surgindo e devem vir, faço questão de ressaltar, junto com maior responsabilidade.
Sou de família paulistana, com formação católica, como milhares de outras em nosso país. Meus doze netos me ajudam diariamente na conexão com as novas gerações.
Um sentimento que o brasileiro não consegue esconder hoje é o de pessimismo e decepção com seu país, com as instituições, com a classe política, com o futuro…. Lamento constatar isso, porque é muito ruim não gostar de política, ignorar que é de decisões políticas que são definidos os preços dos produtos mais básicos como o feijão e o arroz, o imposto que pagamos, os serviços públicos que são prestados. Costumo dizer que o destino de quem não gosta de política é acabar sendo governado pelos que gostam.
Mas não tiro a razão para tanta descrença. Passamos por momentos difíceis sim. Na economia, na política, no campo social, nos valores, nas tradições. O brasileiro se sente abandonado à própria sorte, sem representantes reconhecidos e sem referências institucionais a quem recorrer em suas necessidades. Muitos se consideram enganados, extorquidos, desrespeitados e prejudicados por aqueles que foram eleitos com a missão de cuidar e proteger os interesses dos cidadãos.
As informações sobre a corrupção no meio político e empresarial dão conta de um imbróglio de proporções incalculáveis. O brasileiro está impactado com o nível de envolvimento dos representantes do poder público em manobras ilícitas, com a dimensão das cifras envolvidas, com os mecanismos utilizados para encobrir a corrupção e com a desfaçatez com que homens públicos se posicionam frente aos acontecimentos, tentando se safar de responsabilidades.
Demonstram total falta de confiança nas lideranças do meio, não importa o partido, a ideologia, o cargo ou a longevidade na vida pública. Mostram-se frustrados e convictos da insignificância do cidadão nas preocupações da classe política. Qual a saída para tamanho dilema?
Participei da criação e da formação de dois partidos no Brasil. Sabe por que? Porque nunca deixei de acreditar nas instituições. Não há outro caminho, fora da política. Os desvios, a corrupção, os escândalos são inerentes às mais antigas democracias. Como disse Winston Churchill, “A democracia é o pior regime político, mas não há nenhum sistema melhor que ela”. Fora da democracia, da política, estão os estados de exceção, as ditaduras, os regimes autoritários. E isso, nossa memória não pode falhar, é o pior caminho para encontrarmos uma saída para as crises.
Ao invés de fugirmos do problema e desligarmos nossa atenção da política, o melhor a fazer é reformá-la. A política como é feita no Brasil está defasada, desacreditada, ultrapassada, equivocada. Temos de refazer a conexão entre representantes e representados. E isso somente será possível se mudarmos as regras do jogo político-eleitoral, introduzindo mudanças como o voto distrital, para aproximar eleitos de eleitores e podermos cobrar melhor dos parlamentares.
A desconexão entre Estado e Nação é outro problema grave a ser enfrentado. O Brasil real, como costumo chamar a economia de sobrevivência dos brasileiros, não é levado em conta pelos governos. O importante, pensa a grande imprensa e os governantes, equivocadamente, é agradar o “mercado”, esta entidade repleta de interesses distantes da população E atender a Estatocracia burocrática. Nisso, uma atualização de nossas leis e da Constituição é fundamental para combatermos o corporativismo e estimularmos a economia liberal de massa, esta dos pequenos negócios, que defendo há décadas.
Temos desafios enormes pela frente, reais, palpáveis, que as pessoas sentem na pele, no dia a dia. A questão da segurança é urgente. O medo perpassa a rotina do cidadão e se estende à preocupação com os familiares, igualmente expostos à violência urbana que cresceu e se tornou uma ameaça constante, independentemente do tipo de cidade.
O desemprego é outro grande temor que ronda a população. Em meio à crise, muitos declaram viver uma insegurança constante. Perder o emprego significa romper um dos pilares fundamentais de estabilidade familiar. A questão da saúde é outra pauta tensa entre os segmentos de classes mais baixas, sendo relatada de forma contundente a gravidade e precariedade da assistência que vem sendo prestada pelo poder público, partindo de um patamar que nunca chegou a ser satisfatório.
Enfrentar estes problemas, entre outros, é uma das missões mais desafiadoras de todo governante. E, insisto, isso somente será possível se refizermos as ligações entre Estado e Nação. Pode parecer muito teórico. Mas basta lembrar que todas as saídas para as últimas crises nacionais, sejam elas de caráter político ou econômico, foram feitas sem a participação do povo. As pessoas podem ir às ruas, como em 2013, ou cobrar pelas redes sociais, como têm feito, mas não são chamadas a opinar sobre as soluções encontradas. A participação popular é um eixo fundamental da democracia e esta não tem sido usada.
É por isso tudo que considero o brasileiro um sobrevivente, um batalhador. Ele vai à luta, trabalha por conta própria, corre atrás do prejuízo, monta seu próprio negócio e está enfrentando as crises. O empreendedorismo e os pequenos negócios é que estão proporcionando às nossas famílias uma saída para momentos tão difíceis.
São estas pessoas, com as quais lido diariamente, há décadas, que me motivam a oferecer ao Brasil um futuro. As entidades que nos apoiam, sejam as associações comerciais e empresariais, sejam os microempreendedores, é que me fizeram postular uma oportunidade de presidir nosso país. Apesar de estar afastado da vida partidária, sou um dos fundadores e ajudei a escrever o programa do PSD – Partido Social Democrático. Tenho trabalhado para que o partido confirme meu nome em sua convecção e me permita contribuir para que as futuras gerações tenham uma chance de ter um novo país.
Fonte: Artigo publicado no Poder 360, em 19 de abril de 2018