Levantamento do Sebrae em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado nesta terça, 10, registra que a quantidade de empregadoras no País cresceu 19% em uma década. Já entre os homens, esse aumento foi de apenas 3%. Na média, o crescimento de empregadores, tanto homens quanto mulheres foi de 7%, no período. Com isso, o setor de serviços e as empreendedoras devem manter o desemprego ainda em baixa no Brasil. Estudo divulgado pelo IBGE também nesta terça mostra que em 2014 a taxa de desocupação fechou na média de 6,8%.
“O crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho é uma tendência muito forte no País. Esse incremento está impactando também na quantidade de mulheres que escolhem o empreendedorismo como meio de vida e que geram emprego e renda para milhões de brasileiros”, afirmou o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, por meio de nota. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, as empregadoras estão mais no setor de serviços, que é, no geral, justamente o que mais contrata (66% do total), assim como em comércio.
O professor do departamento de economia da PUC São Paulo, Leonardo Trevisan, entende que como os salários das mulheres são mais baixos, elas enfrentam duplas ou até triplas jornadas e, segundo o Censo 2010, 32% das famílias são chefiadas pelas brasileiras, o empreendedorismo é crescente entre elas.
“Por esses fatores, as mulheres escolhem ter seu próprio negócio, tanto por necessidade, como forma de ter uma renda extra, ou por opção, para ter maior flexibilidade no seu dia”, esclarece o professor.
Trevisan comenta que como há “resiliência no setor de serviços”, onde as empresas conseguem repassar seus custos aos clientes, que não diminuem a demanda, o mercado de trabalho se manterá aquecido. “Os empresários sabem que essa pressão inflacionária irá ceder e, por isso, preferem não demitir”, acrescenta.
Porém, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE mostra que a taxa de desocupação no Brasil mantém-se consideravelmente maior entre as mulheres, ao atingir 7,7% no quarto trimestre de 2014, enquanto entre os homens foi de 5,6%. No período, as brasileiras eram 66,2% da população que estava fora da força de trabalho.
Em nota, o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, avalia que, apesar de avanços importantes, “as mulheres ainda são maioria em postos mais precários e têm menores salários”. “Além disso, é preciso um conjunto de outras mudanças que envolvem a ampliação de políticas públicas que favoreçam a inserção feminina, como aumento da oferta de creche”, afirma.
Fonte: DCI