O segundo e último dia do Seminário Internacional “Respostas Modernas e Democráticas às Demandas Sociais”, realizado conjuntamente pela espanhola FAES (Fundação para Análises e Estudos Sociais) e pelo Espaço Democrático, fundação do PSD para estudos e formação política, teve palestra do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, um painel de debates sobre “A oportunidade dos vínculos atlânticos” e um diálogo de encerramento entre o ex-primeiro-ministro espanhol José Maria Aznar e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
Um ponto comum entre esses três momentos foi a constatação de que os países ibero-americanos, embora vivam situações econômicas, sociais e políticas diferentes, devem se voltar agora para a busca de soluções que levem ao aumento da competitividade internacional e à consolidação dos ganhos sociais que registraram.
No painel “A oportunidade dos vínculos atlânticos” – que teve a participação de representantes do Uruguai, da Colômbia, de Portugal, do México e do Brasil – os palestrantes foram unânimes em destacar as identidades culturais, étnicas e econômicas das nações banhadas pelo Oceano Atlântico, enfatizando que a criação de uma aliança entre esses países pode trazer grandes oportunidades.
Contudo, os participantes também lembraram problemas da região, a exemplo do enfraquecimento do Mercosul. Para o ex-presidente do Uruguai Luis Alberto Lacalle, o Brasil tem uma parcela de culpa nessa questão, pois abdicou de seu papel de liderança regional e concordou em referendar a transformação do bloco comercial em um clube ideológico.
Mais otimista, o embaixador José Botafogo Gonçalves, representante do Brasil no painel, disse que “o Mercosul, que foi vítima do bolivarianismo, vai ressuscitar após a morte dessa ideologia , que está em estado terminal pelos seus próprios erros”. Para ele, o Mercosul pode se tornar então uma grande região produtora de energia e alimentos.
Outro aspecto negativo foi lembrado pelo ex-vice-ministro da Defesa da Colômbia, Rafael Guarín, segundo quem a América Latina está fragmentada politicamente, com duas visões divergentes. Para ele, de um lado estão países que apostam na democracia e no livre mercado; de outro, estão os regimes populistas, de esquerda, que optaram por se afastar das grandes economias mundiais e se aproximam de nações de menor importância econômica, mas governados por regimes com os quais se identificam. “Nossa região não pode continuar submetida a essas condições”, disse.
A importância dos acordos comerciais para o desenvolvimento dos países foi ressaltada também pelo representante do México, o diretor de Assuntos Jurídicos da Fundação Miguel Estrada Iturbide, Mário Fernandez. Para ele, uma das razões dos bons resultados econômicos registrados em seu país é justamente a ênfase dada pelos últimos governos aos acordos comerciais. “Somos o país que mais têm acordos em todo o mundo: são 44”, explicou.
Fernandez também falou sobre as reformas que vêm sendo implantadas no México, de modo a aperfeiçoar a economia de mercado e permitir um desenvolvimento mais rápido. “Na área de energia, criamos condições para o investimento estrangeiro; nas telecomunicações, atacamos o monopólio; na política, fizemos mudanças que resultarão em uma democracia mais eficaz e com resultados”, contou.
Fonte: Site do PSD