São Paulo vista de fora

2 de abril de 2013
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Fonte: Folha de S. Paulo

 

Apesar do interesse internacional pelo Rio devido à Copa e à Olimpíada, em janeiro, a sede do “New York Times” pediu a seu correspondente no Brasil uma longa reportagem sobre cultura e estilo em São Paulo.

Também no início do ano, a chefe do escritório da CNN no Brasil, Shasta Darlington, decidia qual cidade seria alvo de uma série de reportagens: São Paulo ou Rio? Ganhou São Paulo.

As reportagens saíram nas últimas duas semanas, no jornal e na TV. O viés foi francamente positivo. “A nova nova São Paulo”, deu o “NYT”. Na CNN, “São Paulo: capital cultural do Brasil”.

Correram o mundo as cenas dos bares Caos e Z Carniceria, no Baixo Augusta; do Cine Joia, reaberto para shows na Liberdade; do Beco do Batman, na Vila Madalena; da Jam Olido, na galeria de mesmo nome; e até do Minhocão, ao som de Racionais.

“O centro é a parte de São Paulo que mais me fascina”, diz o correspondente Simon Romero, do “NYT”, que morou na Bela Vista, região central, nos anos 90 e hoje dirige o escritório do jornal no Rio.

Já quando a CNN precisou decidir onde estabelecer seu estúdio no país, há dois anos, optou por São Paulo, com vista para a Marginal Pinheiros.

“Decidimos que era mais sério criar o escritório na capital financeira”, diz Darlington. “Adoro o Rio, mas queremos tratar o país com uma cobertura mais séria.”

Outra face da cobertura internacional sobre São Paulo é a imagem de sua opulência financeira, destacada regularmente, por exemplo, no “Wall Street Journal”.

O jornal econômico chegou a eleger no ano passado um “símbolo oficial do boom de investimento” no Brasil: a torre Malzoni, na avenida Faria Lima, onde se instalaram o banco de investimento BTG Pactual e o Google.

Outros símbolos poderiam ser os restaurantes de cozinha premiada e os helicópteros em revoada às sextas, lembrados pelos correspondentes do “Financial Times” e da “Economist”.

MUNDO LIVRE

Com tais imagens sendo transmitidas ao mundo, São Paulo tem como conquistar a grande feira mundial Expo 2020? E o que a campanha lançada por Gilberto Kassab (PSD) no final de seu mandato e abraçada agora pelo prefeito Fernando Haddad (PT) poderia destacar?

Para o publicitário Nizan Guanaes, a cidade “tem algo que não é tangível, que é a energia de São Paulo, uma energia do novo mundo, livre, de uma cidade plural”. Grande rival na disputa, “Dubai não tem isso”. Também não tem sua “criatividade”.

Outro ponto para Guanaes é a necessidade de São Paulo contornar a burocracia, espelhando-se na experiência do Rio para a Copa.”Se São Paulo vai querer ser competitiva, não pode ficar num mar de regras”, diz ele.

O arquiteto e urbanista Jorge Wilheim vai pela mesma linha. A cidade “é considerada uma metrópole criativa, dinâmica”, e “é preciso saber mostrá-la sublinhando as suas peculiaridades”.

Pragmaticamente, defende destacar as “boas condições de turismo receptivo” e, entre as lições cariocas da campanha pelos Jogos, a presença do presidente Lula na busca de votos para a cidade.

Problemas não faltam, admitem o publicitário e o urbanista, citando infraestrutura como exemplo.

Já a chefe do escritório da CNN, moradora de Pinheiros, aponta um desafio principal, se São Paulo quer atrair eventos: “Sem melhorar o transporte, não é uma cidade boa nem para morar”.

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