A maior comercializadora chinesa de soja ameaça cancelar a compra de 2 milhões de toneladas de soja brasileira devido ao atraso provocado pela falta de infraestrutura no Brasil. Dos 12 navios previstos para chegar com a mercadoria na China entre janeiro e fevereiro, apenas dois desembarcaram até agora, configurando quebra de contrato e fazendo com que a empresa chinesa optasse pelo cancelamento da transação.
A safra recorde de grãos no país tornou ainda mais evidente a falta de infraestrutura nos portos do país, com filas permanentes de caminhões e falta de capacidade para armazenagem de grãos – a previsão de colheita é de 183 milhões de toneladas, mas o Brasil tem capacidade para estocar 148 milhões de toneladas de grãos, entre silos e estoques públicos e privados. Os portos estão trabalhando acima de sua capacidade operacional, fato que tem atrasado o descarregamento dos grãos e ocasionado elevações nos custos de transporte.
Os portos brasileiros são responsáveis pelo embarque de 95% dos produtos que o Brasil exporta. Para aumentar a capacidade de estoque e o número de portos no país será necessário contar com a iniciativa privada. Na segunda metade de fevereiro o governo anunciou novas regras para a privatização dos portos brasileiros, que terá como critério determinante para a concessão a qualidade dos serviços – maior capacidade de movimentação de cargas pelo menor preço. A previsão é de que as licitações sejam realizadas ainda neste semestre.
Fonte: Reuters