Classe C empreende cada vez mais

26 de novembro de 2012
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Enquanto nos países ricos o empreendedor é de classe mais alta, no Brasil, ele é, em sua maioria (55,2%), da classe C, segundo estudo do Sebrae (Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário).

O aumento da renda e do consumo é uma das explicações, segundo o presidente da agência, Luiz Barretto. As classes D e E respondem por 7,3% dos empreendedores, e as A e B, por 37,5%.

De 2003 a 2011, 32 milhões de brasileiros deixaram as classes D e E e migraram para a C, com acesso a bens que não possuíam antes.

Além do mercado aquecido, Renato Meirelles, diretor do Instituto Data Popular (responsável pela pesquisa), vê um otimismo na classe C, porque viu a vida melhorar, o que estimularia a abertura de novos negócios.

“O sonho do empreendedorismo é o de ser dono do próprio nariz. De não ter cartão de ponto, de poder estar junto com a família e isso vem junto do ’empoderamento’ da classe C”, afirma Meirelles.

O estudo considerou que a classe C abrange famílias com renda familiar per capita entre R$ 291 e R$ 1.019.

Rinaldo Polito, 48, é um dos que aproveitaram a economia aquecida para deslanchar nos negócios. Em 1984, Polito, que é da classe C, desistiu do curso de engenharia química porque não encontrava emprego e abriu um salão de cabeleireiro na garagem de casa. Hoje, é dono do Rinaldo Estetic Center, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. O salão é especializado em depilação masculina, que foi responsável por impulsionar o negócio a partir de sua implantação, em 2005. “As pessoas gastam mais com beleza hoje”, afirma ele.

MENOS BUROCRACIA

A pesquisa do Sebrae também mostra que, entre 2009 e 2012, dobrou o número de médios, micro e pequenos que se formalizaram através de cadastro do portal do empreendedor individual e do Simples nacional (que reduz e facilita a tributação).

“A legislação simplificou a burocracia para abrir e fechar empresas e reduziu em 40% a carga tributária dos pequenos”, comenta Barretto.

Cabeleireiros, lojas de roupa, lanchonetes, obras de alvenaria e minimercados são os negócios mais comuns desses empresários.

“O aumento do consumo da classe C se abastece em regiões periféricas junto a pequenos mercados, formados por esse empreendedor [da classe C]”, comenta Ricardo Abramovay, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

Mas, para Abramovay, os dados podem revelar uma realidade não tão otimista: cerca de 54% desses empreendedores ganham o equivalente a até três salários mínimos por mês (R$ 1.866) e 64,7% faturam até R$ 60 mil por ano.

“Esses negócios são pequenos não porque as oportunidades de negócios se democratizaram, mas, sim, porque eles são muito precários”, afirma Abramovay. Não é possível afirmar, com base apenas nesses dados, que o empreendedorismo possibilita inclusão social, diz.

Sua hipótese é que, com faturamento mensal em média de R$ 5.000 e margens baixas devido à concorrência, essas empresas não são muito prósperas e não têm perspectiva de crescimento. São muito mais frutos da necessidade das famílias do que de um impulso empreendedor, segundo o pesquisador.

Fonte: Folha de São Paulo

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