De 1988 para cá tenho notado que os jovens brasileiros passaram a se interessar pouco – ou não se interessar – por política. Naquela época contribuí ativamente, e com muito orgulho, para a elaboração da Constituição (como deputado federal constituinte). A mobilização da juventude perante o processo político era muito maior. Chama a minha atenção a descrença e a falta de engajamento, hoje, por parte desse segmento da população.
Há cerca de dois anos fui convidado para um ciclo de debates na Faculdade de Direito da USP (Largo São Francisco) sobre reforma política. A mesa da qual participei foi num dia de semana, à noite. Quando cheguei, o auditório estava vazio. Pensei: os alunos deverão aparecer na hora do intervalo. Que nada! Poucos compareceram para falar sobre um assunto tão crucial para a nossa nação, para quem quer mudanças, para quem acha que o atual sistema político não é o mais adequado. Para minha (agradável) surpresa, os poucos jovens que estiveram presentes mergulharam no tema. Revelaram-se muito bem informados e apresentaram críticas, análises e propostas.
Mais jovens deveriam seguir o exemplo desses estudantes de Direito – trocando informações, debatendo. E digo mais: deveriam contribuir ainda mais e se dedicar à carreira política. Por que não? Existe a pré-concepção de que política é lugar de corrupto, de ladrão. Virou clichê. Mas não é verdade. Precisamos mudar essa imagem e enxergar que política é lugar para gente séria, sim.
Para uma profunda transformação em nosso sistema político – com adoção de instrumentos como o voto distrital – as gerações mais novas precisam formar quadros políticos. A crítica pela crítica é fácil. Difícil é fazer algo para ajudar a melhorar uma situação. Fico feliz quando vejo jovens que se candidatam a vereador, por exemplo. A vereança pode ser o primeiro cargo de uma carreira política brilhante. O mais importante nesse exemplo do cargo de vereador é que o município é a miniatura da pátria. Iniciando uma carreira desta maneira, um jovem pode dar uma enorme contribuição para seu município. Ele conhece as necessidades e particularidades de sua terra-natal, de seus conterrâneos. A partir daí o céu é o limite, pois esse mesmo jovem pode assumir, futuramente, outros desafios na política – no âmbito estadual, no âmbito federal. E quem sai ganhando é a pátria.
Deixo meu recado aos jovens: é preciso ter coragem de assumir posições. Hoje muita gente critica a política, mas não quer participar do processo político. Precisamos de gente boa, que goste de política. As novas gerações podem e devem dar o primeiro passo para vislumbrarmos profundas mudanças. As pessoas de bem precisam ter a mesma audácia dos aventureiros.
Muito bom texto, acho que lideranças politicas do tamanho de nosso governador Afif se colocarem à disposição da juventude para debater é indispensável para tentarmos cada vez mais mostrar que politica pode ser diferente do que se vê, e que podemos e devemos lutar pela construção de um país melhor!
Concordo plenamente GAD, porém muitas vezes nos esbarramos na falta de espaço para debater o tema. Acho que deveria ter fóruns, workshops com pessoas que de fato contribua para que o tema tenha cada vez mais importância em nosso dia a dia.
Seria muito interessante se a população pudesse acompanhar como é o dia a dia de um parlamentar, não falo no sentido de ir até a assembléia legislativa, mas poder acompanhar a rotina de um secretário dos transportes por exemplo, e o qual suas metas para o programa politico apresentado, acho que algo neste sentido daria muito certo.
Aguardo sugestões de como podemos participar de forma mais efetiva na politica de nosso país.
Caro Douglas, em 2013 vamos dar início a seminários de debates sobre grandes temas, com transmissão ao vivo e interativa pela web. Assim que tivermos a programação, vamos lhe comunicar. É um começo. Um abraço.