“Falta um olhar político para abrir caminho para as exportações das micro e pequenas empresas brasileiras”, afirmou o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, durante o debate promovido pelo jornal Correio Braziliense, na terça-feira (21), que discutiu o desempenho das pequenas e médias empresas no comércio exterior. O evento foi aberto pelo presidente da Apex, Roberto Jaguaribe e contou com a participação de representantes do governo e das entidades vinculadas ao comércio exterior.
Afif disse que falta mais integração entre os órgãos governamentais que atuam nas exportações e que é preciso enfrentar o corporativismo público e privado no Brasil, aprimorando a legislação vigente para evitar interesses cartoriais. Segundo o presidente do Sebrae, o que o governo precisa “não é uma política de exportação, é uma política de comércio exterior”. “Para resumir: exportar é o que importa”, sintetizou, destacando que é importante construir um comércio bilateral entre nossos vizinhos do Mercosul e outros países lusófonos.
A simplificação foi citada por Afif como uma grande bandeira para derrubar as barreiras burocráticas e ele sugeriu um “sistema livre de comércio” para facilitar o encontro de empresas brasileiras e estrangeiras em plataformas digitais. “É fazer de tal forma que vender para um país vizinho seja tão fácil quanto vender para um estado brasileiro”, frisou.
Para o presidente da Apex, Renato Jaguaribe, a logística é um dos grandes entraves para o desenvolvimento do Brasil e das micro e pequenas empresas no âmbito das exportações. Ele citou a importância do Simples Internacional, uma inciativa encabeçada pelo Sebrae, para viabilizar a abertura real de comércio brasileiro com outros países. “É uma iniciativa que vai ajudar muito as micro e pequenas empresas a ampliar a sua participação no cenário global como um todo, mas particularmente, no âmbito da América Latina, que é uma escola de aprendizado”, disse.
Na opinião do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, se o Brasil não fizer o dever de casa, reduzindo os custos de produção, burocráticos e logísticos com reformas estruturais, o país continuará figurando entre os menores países exportadores, apesar de ser uma das maiores potências globais.
ESTUDO
O presidente do Sebrae apresentou dados de um estudo do Sebrae em parceria com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) sobre o desempenho das micro e pequenas empresas nas exportações no período de 2009 a 2016. Apesar das barreiras burocráticas, o número de pequenos negócios exportadores registrou um crescimento de 12% em 2016, frente ao ano anterior.
Outro ponto destacado foi o aumento do valor total exportado pelas micro e pequenas empresas, em contrapartida ao movimento verificado entre as médias e grandes empresas. Em 2016, as MPE faturaram US$ 998 milhões em vendas para fora, o que significou alta de 6% em relação ao ano anterior.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias