Afif defende voto distrital por mais representatividade

21 de outubro de 2010
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Em coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira, no comitê político do PSDB em Osasco, o vice-governador eleito nessas eleições Guilherme Afif Domingos (DEM) fez uma análise do pleito desse ano no cenário estadual e nacional. O democrata também defendeu o voto distrital para que o candidato eleito tenha mais representatividade do povo que o elegeu. Além disso, Afif convocou a militância para trabalhar em prol da campanha do presidenciável José Serra (PSDB), e ressaltou que o tempo igualitário que os dois candidatos tem no segundo turno para apresentar propostas na televisão é um fator de peso para que o tucano ganhe força nessa reta final.

O DEM sofreu uma desidratação. Isso foi sinalizado quando o prefeito Gilberto Kassab concorreu à prefeitura de São Paulo. Você acha que o senhor sendo eleito a vice-governador reconstrói essa aliança com o PSDB?

De fato o partido sofreu um revés em algumas regiões do País, devido à própria missão que o presidente Lula traçou de eliminar a oposição mais efetiva. Mas nós elegemos nessa eleição uma bancada considerável com 36 parlamentares. Alguns podem chamar a bancada de desidratada, mas eu posso chamar de consistente, porque às vezes não se faz enchente de água limpa. Hoje temos um grupo aguerrido que foi eleito. Então, eu acho muito prematuro se discutir qualquer rearranjo partidário para 2012 antes do resultado dessas eleições. O DEM e o PSDB têm uma aliança sólida muito bem firmada, que vem da época do Fernando Henrique Cardoso, do próprio Geraldo Alckmin e do José Serra, pelo fato dele colocar alguém do DEM como seu sucessor na prefeitura. Portanto, os nossos destinos estão bem entrelaçados. Além do que o resultado das eleições pode ser usado para um rearranjo partidário no Brasil. Esse rearranjo partidário passa pela reforma política. E, para tanto, nós vamos a partir do primeiro dia de novembro colocar em campo a campanha do voto distrital, para que o eleito seja comprometido com sua base. Falar sobre o voto distrital não interessa a uma grande maioria que está no congresso nacional. O que nós precisamos é levar informação ao povo.

Há lideranças políticas que dizem ser contra o voto distrital puro, porque esse ato transformaria a Câmara dos Deputados numa grande Câmara Municipal. Quais são os benefícios concretos do voto distrital?

Isso é menosprezar o valor dos municípios. É no município que o povo vive e conhece as pessoas. Celso Giglio (PSDB) é um voto distrital, sendo assim eu pergunto: “Ele não tem representatividade para representar Osasco?”. O Tiririca teve boa votação, mas que representatividade ele tem para com a sua comunidade? O compromisso do parlamentar é com o eleitor dentro do seu distrito. Terceiro ponto: baratear o custo da campanha, porque a campanha com o voto distrital tem um custo e o atual sistema é proporcional. Se o deputado estadual reeleito Celso Giglio não tivesse base distrital em Osasco seria difícil o processo. E aí abre campo até pelo financiamento público de campanha, porque os custos vão baixar consideravelmente. No atual sistema é impossível, inviável e caótico. Um ponto fundamental que o povo fala é: “Isso não vai passar no Congresso”. Diziam que a Lei da Ficha Limpa também não passava no Congresso, mas a mobilização da sociedade fez com que a norma fosse aprovada. O que nós precisamos para que o voto distrital no município seja posto em pratica é começar a criar massa crítica na sociedade, para experimentar esse tipo de sistema, aprovar e levar esse modelo à frente.

Durante a campanha para governador, o senhor reforçou os trabalhos entre os empresários por pertencer a esse segmento?

Quando você fala do ramo do empresário, eu sou considerado um dublê, entre homem público e empresário. Eu fui o terceiro [deputado] constituinte mais votado do Brasil, pois antes de mim vieram o Lula e o Ulisses Guimarães, nessa ordem. Portanto, não sou do ramo empresarial exclusivamente. Eu fui candidato a presidente da República e ao senado duas vezes, sendo que na última obtive 8 milhões e 300 mil votos. Então, essa não é uma votação de um segmento específico, e sim uma votação de um homem público. Todavia, eu tenho uma relação estreita e epidérmica com a associação comercial. E esses nossos companheiros desse ramo estiveram mobilizados como estão nesse instante para seguirmos em frente.

O que seria responsável por essa diferença de votos entre o Alckmin e o Serra? É mais difícil trabalhar com a imagem do Serra do que com a do Alckmin?

Não, isso se deve a um descolamento das duas campanhas. A eleição nacional tomou conta dos noticiários e de praticamente tudo. Foi a grande eleição em cima da estratégia da popularidade do Lula. O presidente arrastou sua candidata, que acabou tendo uma penetração também no Estado de São Paulo. Já na eleição de governador, que foi uma eleição colocada em segundo plano até pela própria mídia, aquele que já tinha nome prevaleceu. Tanto é que o Geraldo começou com um percentual de votos no início das pesquisas e terminou com a mesma votação: 50.7%. O resultado é que esse descolamento aconteceu no primeiro turno, o Serra venceu, mas num percentual menor. Lembre-se que na penúltima eleição para presidente da República o Serra teve mais votos que o Geraldo também no Estado de São Paulo. Há uma tendência no Estado para que o governador tenha mais votos do que o candidato a presidente num primeiro turno. Outro ponto é que no segundo turno a história é outra e a tendência do eleitor do Geraldo é votar no Serra, não é votar no PT. Nós também temos 20% do eleitorado da Marina. Só em Osasco são 25% que votaram na Marina. Agora eu pergunto: esse eleitor da Marina é um eleitor identificado com o PT? Talvez uma minoria, porque eu acho que a maior parte hoje ou está indecisa ou está com o Serra. E é esse eleitor que nós temos que conquistar em prol do Serra.

Como o PSDB pretende atuar para conquistar os votos dos eleitores da Marina?

Eu digo a você que essa eleição é da comunicação. São vinte minutos por dia na televisão para cada candidato, divididos na parte da manhã e à noite, durante o horário nobre. E mais oito minutos e meio distribuídos de igual tamanho para os dois candidatos em inserções na TV. No primeiro turno, nós tínhamos muito menos tempo, porque eles têm o apoio do PMDB nacional, que deu um peso muito grande. Ou seja, a propaganda da Dilma era muito maior que a do Serra. Agora é mano a mano, igual. E vocês percebam que a campanha do Serra mudou no segundo turno, isso todo mundo comenta. Eu quero dizer que não foi a campanha que mudou, foi o Serra que mudou: ele está entusiasmado. No primeiro turno foi sofrido, porque foi uma campanha muito dura para ele, pois ficou quase que sozinho no Brasil. Até porque a turma queria primeiro resolver o seu problema nos Estados e o Serra estava sentindo falta de uma campanha para ele. Já no segundo turno todas as forças estão concentradas em cima dele. Serra está entusiasmado e está potencializando a diferença entre ele e a petista. Dilma está derretendo, porque aquela montagem que fizeram como um candidato “boneco” está mostrando suas falhas. O próprio debate mostrou que ela está titubeante. Dilma foi montada para fazer isso, ela não é verdadeira. Diferente do Serra, que foi preparado para ser candidato a presidente. E a televisão está mostrando isso. Agora o eleitor precisa ser convencido é no papo da esquina, no cafezinho, e no trabalho da militância. Essa militância espontânea dos setores mais informados da sociedade está acontecendo de maneira muito intensiva. Veja nas igrejas o que está acontecendo. É espontâneo, não é nada induzido.

 

Publicado no jornal Diário da Região, de Osasco-SP em 21/10/10

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