Maioria dos pequenos negócios deixa de exportar depois de uma operação

12/12/2017
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A maioria das micro e pequenas empresas (70%) deixa de exportar depois de realizar uma operação de venda externa, afirmou ontem o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, durante um evento na Câmara Americana de Comércio (Amcham).

“Não há uma manutenção delas na base exportadora. A maioria exporta de forma esporádica”, completou. Para Afif, esta proporção está em desequilíbrio com a quantidade de micro e pequenos negócios existentes no País. Hoje, estes correspondem a 98% das empresas brasileiras, no entanto, são responsáveis apenas por 0,54% do valor vendido a outros países.

“Nosso desafio é aumentar o valor dessas exportações”, declarou Afif, acrescentando que um levantamento do Sebrae localizou 142 entraves burocráticos às operações internacionais de pequenas empresas, como dificuldades de desembaraço aduaneiro.

Um primeiro passo dado nesse sentido foi a criação do Simples Internacional em 2013, quando Afif ainda era ministro da extinta Secretaria da Micro e Pequena Empresa. O programa foi regulamentado no ano passado e, hoje, funciona por meio de um projeto-piloto entre o Brasil e a Argentina, focado na troca de produtos de baixo risco via remessa expressa. O programa institui um operador logístico que simplifica os processos de licenciamento, despacho aduaneiro e operações de câmbio, diz Afif. Duas empresas de operação logística já estão cadastradas no Simples Internacional: UPS e DHL.

Sugestões

O presidente do Sebrae contou que empresários argentinos e brasileiros já fizeram sugestões para aprimorar o Simples Internacional. Uma delas é a necessidade de reconhecimento mútuo de certificados sanitários e fitossanitários, além de uma regulamentação do Sistema de Trânsito Aduaneiro Internacional do Brasil e de uma legislação que permita as micro e pequenas empresas dos dois países participar das compras governamentais.

Os empresários apontam ainda a necessidade de melhorias no Sistema de Moeda Local para que sejam oferecidas tarifas competitivas e tratamento diferenciado para os pequenos negócios.

Outro entrave para o desenvolvimento das exportações das MPEs são o acesso ao crédito, pontou Afif. Segundo ele, a concentração bancária no País é um dos aspectos que dificultam o financiamento aos pequenos negócios. Para avançar nesse sentido, também vem sendo discutida por órgãos do governo a implementação da Empresa Simples de Crédito (ESC), voltada para a oferta de empréstimos às empresas de menor porte.

Durante o evento da Amcham, o sócio diretor da consultoria Direto Brasil, Dirk Thomaz Schwenkow, reforçou que enquanto o Brasil continuar exportando produtos de baixo valor agregado, focado apenas nas commodities agrícolas e minerais, não irá alcançar os níveis de competitividade da China e da Índia, por exemplo. Segundo ele, o País precisa aproveitar os seus recursos naturais, transformando-os em produtos de alto valor agregado. Neste sentido, a micro e pequena empresa pode ter um papel relevante.

Afif disse também que o Sebrae está investindo R$ 200 milhões em programas de desburocratização da Receita Federal, órgão cujo orçamento de investimento “está zerado”. Um dos aportes feitos pelo Sebrae é na Redesimples.

Fonte: DCI Online

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