O pioneirismo de Juscelino

15 de setembro de 1988
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Ao comemorarmos o aniversário de Juscelino Kubitschek, é preciso recuperar a memória do povo brasileiro para as conquistas nacionais obtidas durante o governo deste que foi o mais paulista dos presidentes da República, um liberal dentro das melhores tradições da livre iniciativa, que fez a Nação avançar muitos passos rumo à modernidade pela qual ainda lutamos.

Juscelino promoveu uma abertura para a indústria e o capital estrangeiro do mesmo modo que o saudoso paulista Armando de Salles Oliveira promoveu a abertura para o Exterior no campo do ensino ao criar, com a contribuição de professores estrangeiros, a Universidade de São Paulo.

A visão liberal de Armando de Salles Oliveira, consubstanciada em seu programa de governo que buscava a modernidade, sempre em luta contra a vertente totalitária e corrupta da revolução de 30, garantiu a São Paulo uma posição privilegiada como beneficiário do plano de metas do governo JK. Porque São Paulo já contava com infraestrutura agrícola e com um centro avançado da inteligência brasileira.

A antevisão de estadista de Armando de Salles Oliveira, ao criar a Universidade de São Paulo, confirmou-se com a execução do programa de governo de Juscelino que, longe de apenas beneficiar São Paulo, promoveu o desenvolvimento em todas as regiões do País, além de impulsionar o setor siderúrgico, a indústria de bens de consumo, a indústria automobilística, de autopeças e eletrodomésticos e a construção civil, cujo crescimento foi significativo a partir da construção de Brasília.

JK foi um presidente que se identificou com o espírito pioneiro de São Paulo responsável pela sua condição de maior centro da América Latina. Sob o impulso de seu plano de desenvolvimento, nasceram os cursos técnicos e os centros de tecnologia como o ITA e a Engenharia Mauá, sem falar nos cursos de administração de empresas que contribuíram para tirar São Paulo do ciclo do bacharelismo que predominou durante a República Velha.

Juscelino promoveu o desenvolvimento com liberdade e soube responder aqueles que responsabilizavam seu programa pela expansão do processo inflacionário. A realidade é que a inflação se acentuou no País a partir de 1930 com o abalo que se verificou no mercado internacional do café. Para JK o surgimento do surto industrial nesse período, embora tenha elevado nossos índices econômicos, criou uma série de dificuldades que só poderão ser resolvidas com a conclusão do surto industrial. A palavra de ordem para ele era consolidar o desenvolvimento industrial do País, afastando a alternativa, de interrupção do surto industrial, por ser totalmente antagônica aos anseios do povo e à própria vocação nacional.

Ao ser concluído o governo do maior administrador da nossa História, os brasileiros puderam vivenciar os 50 anos de desenvolvimento em cinco que ele prometera. E JK promoveu o crescimento sem admitir perseguições, sem realizar prisões políticas, sem cercear a liberdade de imprensa, sem distinguir amigos e adversários no cumprimento da justiça e das providências administrativas. Foi o período em que houve maior congraçamento entre os diversos segmentos da sociedade.

Se o mandatário eleito para suceder a ele dentro dessa concepção grandiosa abdicou da missão e os que governaram o País depois dele ignoraram a preponderância política e econômica de São Paulo, cabe agora corrigir esse desvio histórico, retomando o plano de desenvolvimento e concluindo o seu ciclo, voltado agora para a agricultura.

Ao recolocar o País frente a frente com sua vocação agrícola, poderemos concluir o processo de integração nacional, levando o desenvolvimento a todos os recantos nacionais.

JK não morreu. Sua vida e sua obra representam não apenas a vitória do povo brasileiro contra as minorias praticantes da política decadente e reacionária, como também o primeiro grande passo rumo ao desenvolvimento que cabe às novas gerações concluir, baseadas em um projeto novo que o próximo presidente da República, eleito por um colégio de 80 milhões de eleitores, terá o compromisso de implantar.

Vamos voltar os olhos para o futuro e deixar de lado a escória ideológica que a História já condenou ao desaparecimento. Inspirados no exemplo de Juscelino, sairemos das sombras rumo ao grande destino que está reservado ao Brasil e ao povo brasileiro, cuja aspiração por desenvolvimento e liberdade vem sendo frustrada sistematicamente nos últimos 27 anos.

 

O pioneiro  de Juscelino (sic)  –  O Estado de S.Paulo em 15/09/88

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